Furacão Melissa cruza caminho de força militar dos EUA no Caribe e testa prioridade de Washington na região
O presidente dos EUA, Donald Trump, autorizou a maior mobilização de ativos militares americanos na região do Mar do Caribe desde o fim dos anos 1980, em uma operação descrita pelo Pentágono e pela Casa Branca como uma guerra contra o tráfico internacional de drogas, matando mais de 50 suspeitos em embarcações abatidas. Em meio à temporada de furacões no Atlântico, o esforço militar agora se depara com a possibilidade de se ver desviado para auxiliar em missões humanitárias após os danos esperados pelo furacão Melissa, que se aproxima da costa da Jamaica com status de "tormenta do século".
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Fontes militares ouvidas pelo Washington Post afirmaram que os militares enviados para a região do Caribe poderiam ser deslocados para missões humanitárias, mas que isso dependeria de uma decisão da cúpula do governo americano. A decisão, com potencial repercussão na frente militar, também teria uma dimensão simbólica, segundo uma das fontes consultadas pela publicação.
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— Se optar por manter a força naval focada na Venezuela em vez de responder a desastres, isso certamente mostrará como o governo quer exercer suas prioridades de defesa — afirmou o oficial aposentado da Marinha dos EUA e membro sênior do Instituto Hudson, Bryan Clark, em entrevista ao Post.
Além de missões de ataque e de defesa territorial, militares americanos são treinados para operações de resgate e de emergência envolvendo desastres naturais, capacitados a agir em condições severas — tendo cumprido esse papel em diferentes ocasiões, incluindo na região do Caribe. Com cerca de seis mil homens mobilizados na região do Caribe, eles podem ser o pessoal qualificado mais próximos de zonas críticas, incluindo no próprio caso da Jamaica, onde a Cruz Vermelha disse esperar que até 1,5 milhão de pessoas sejam afetadas, e inundações e danos de infraestrutura severos atinjam a população de forma mais duradoura.
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Um funcionário do Departamento de Estado ouvido sob condição de anonimato pela publicação americana afirmou que o país pré-posicionou suprimentos de emergência em seis armazéns que permitirão a distribuição de suprimentos às pessoas afetadas pela tempestade, e que a situação está sendo monitorada pelos EUA. A decisão de mobilizar "capacidades adicionais", porém, não seria tomada "até que a necessidade seja identificada".
A passagem do furacão Melissa pelo Caribe não paralisou a operação americana como um todo. O Pentágono anunciou o afundamento de quatro embarcações de tráfico de drogas no Pacífico nesta terça, mencionando 14 mortos. A área concentra as maiores rotas marítimas de tráfico destinadas aos EUA.
O maior foco de tensões, no entanto, está na região da Costa sul-americana do Mar do Caribe, com o envio do contratorpedeiro USS Gravely para exercícios em Trinidad e Tobago, a poucos quilômetros do litoral da Venezuela — no que foi apontado por Caracas como uma provocação.
O regime chavista anunciou ter desmantelado uma suposta "célula criminosa" vinculada à Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), denunciando o que chamou de operação de "bandeira falsa", com objetivo de atacar o navio da Marinha americana e culpar o presidente Nicolás Maduro. (Com AFP)
