Fundador de grupo suíço pelo direito de morrer recorre ao suicídio assistido aos 92 anos
Ludwig Minelli, fundador da Dignitas — organização sem fins lucrativos que defende o suicídio assistido e adota o lema “viver com dignidade, morrer com dignidade” — morreu no sábado, poucos dias antes de completar 93 anos. O advogado suicidou-se em uma de suas próprias clínicas. A organização suíça anunciou que Minelli tinha “optado por acabar com a sua vida” em 29 de novembro.
Em comunicado, a Dignitas pontuou que “continuará a conduzir e desenvolver a associação no espírito de seu fundador, como uma organização internacional profissional e combativa pela autodeterminação e pela liberdade de escolha na vida e no fim da vida”.
"Com o crescimento contínuo da entidade desde sua fundação, em 1998, Minelli havia ampliado o conselho da organização há alguns anos, planejado a sucessão para uma transição suave e garantido a continuidade operacional", continuou a nota.
Advogado de formação, Minelli enfrentou inúmeros desafios legais e obteve vitórias importantes no Tribunal Supremo suíço e na Corte Europeia de Direitos Humanos (ECHR). Segundo a entidade, sua atuação deixou uma influência duradoura na legislação suíça, incluindo uma decisão de 2011 da ECHR que reconheceu o direito de uma pessoa definir o modo e o momento de seu próprio fim de vida.
A Suíça não permite a eutanásia — quando um médico ou terceiro administra, por exemplo, uma injeção letal. Mas o suicídio assistido, em que a própria pessoa realiza o ato após manifestar o desejo de morrer, é legal há décadas no país.
Diferentemente de outras organizações similares, a Dignitas, que afirma ter mais de 10 mil membros, também oferece seus serviços a pessoas de fora da Suíça.
Como funciona a Dignitas
A Dignitas, localizada na região de Forch, na Suíça, é uma organização sem fins lucrativos que tem como slogan "viver com dignidade, morrer com dignidade". Segundo o site da instituição, eles pretendem "garantir uma vida e uma morte dignas" aos seus membros por meio de diversas frentes, que incluem do apoio à morte medicamente assistida.
Entre as atividades promovidas pela Dignitas, estão:
Acompanhamento de pacientes terminais e assistência com a autodeterminação do fim da vida;
Aconselhamento em relação a questões sobre o fim de vida;
Cooperação com médicos, clínicas e outras associações;
Instrução sobre garantias de direito ao paciente relacionadas a médicos e clínicas;
Atividades e conscientização sobre prevenção ao suicídio
Apoio em conflitos com as autoridades, com a gestão de lares de idosos e com médicos não escolhidos pelo paciente.
Quem pode solicitar o auxílio da ONG?
Qualquer pessoa com capacidade decisória e mobilidade física suficiente para administrar sozinho a dose letal de barbitúrico pode solicitar a realização de um suicídio assistido na instituição. Para que o pedido seja aceito, a pessoa precisa ter diagnóstico de doença terminal, deficiência incapacitante intolerável ou dor incontrolável e insuportável, comprovados por relatórios médicos antigos e recentes.
Uma taxa, atualmente de 2.500 francos suíços, aproximadamente R$ 15.300, também é exigida. O requerimento feito pelo membro é avaliado por médicos suíços que cooperam com a instituição, a partir da documentação encaminhada. Se os profissionais concordarem com o pedido, o membro é informado de que tem uma "luz verde" provisória, ou seja, o consentimento preliminar para morrer de forma assistida na Dignitas. Mas a decisão final só acontece após a pessoa ser avaliada pelo médico.
