Formação de três ciclones simultâneos leva chuvas torrenciais à Ásia e deixa cerca de 400 mortos em três países

 

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A formação simultânea de três ciclones entre o sul e o sudeste da Ásia provocou chuvas torrenciais e inundações mortais, causando um impacto destrutivo em pelo menos cinco países. Uma compilação de balanços divulgados pelos governos de Indonésia, Tailândia e Sri Lanka, países mais afetados até esta sexta-feira, indica que quase 400 pessoas morreram nesses países, onde ainda estão em curso buscas por desaparecidos.

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Três ciclones se formaram simultaneamente sobre a Baía de Bengala, o Estreito de Malaca e o Mar da China Meridional: o Senyar, atualmente posicionado entre a Malásia e a Indonésia, o Ditwah, que afetou principalmente o Sri Lanka, e o Koto, que parece estar perdendo força no Mar da China Meridional. O fenômeno raro levou a chuvas recorde em países da região, com consequências desastrosas.

Enchentes e deslizamentos de terra mataram ao menos 174 pessoas na Ilha de Sumatra, na Indonésia, enquanto bombeiros e equipes de resgate continuam tentando localizar 80 desaparecidos. O chefe da Agência Nacional de Gestão de Desastres (BNPB) alertou que o número de mortos pode continuar subindo, pois há áreas ainda inacessíveis.

— A prioridade é retirar a população e prestar assistência. Esperamos que o tempo melhore para enviar um helicóptero — explicou Ferry Walintukan, porta-voz da polícia do norte de Sumatra, explicando que os acessos por estrada permanecem bloqueados.

Moradores (à esquerda) pedem a um motorista que dirija devagar em meio à enchente em Medan, Sumatra do Norte

YT Hariono / AFP

Misniati, uma moradora de Sumatra Ocidental de 53 anos, contou seu angustiante relato de batalha contra a subida da água para reencontrar o marido.

— Vi a rua inundada. Tentei voltar para avisá-lo, mas a água já chegava à minha cintura — disse a mulher, que lutou contra a correnteza que ameaçava arrastá-la, e chegou em casa com na altura do peito. — Passamos a noite acordados, atentos ao nível da água.

O balanço de mortos na Tailândia quase triplicou em um único dia, com o anúncio do governo nesta sexta-feira de que já foram confirmadas 145 vítimas. Um porta-voz do governo afirmou que a maioria das vítimas moravam em províncias do sul do país, sobretudo na província de Songkhla — onde o responsável do necrotério de um hospital afirmou que já não havia mais espaço para os corpos.

Foto de 26 de novembro mostra enchente em Hat Yai, na Tailândia

Arnun Chonmahatrakool / THAI NEWS PIX / AFP

— O necrotério está superlotado, precisamos de mais capacidade — declarou à AFP Charn, um responsável que forneceu apenas o primeiro nome.

Em Sri Lanka, as autoridades mobilizaram o s militares para ajudar as vítimas das enchentes e dos deslizamentos de terra, que até o momento deixaram 69 mortos e 34 desaparecidos. Entre os mortos, 26 foram soterrados no distrito de Badulla, no centro do país, segundo o Centro Nacional de Gestão de Desastres (DMC).

Helicópteros e embarcações da Marinha realizaram diversas operações de resgate, retirando moradores que haviam buscado refúgio em árvores, telhados e comunidades isoladas pelas enchentes. Fortes chuvas continuam caindo sobre a ilha, onde algumas regiões registraram até 360 milímetros de precipitação nas últimas 24 horas.

Chuvas torrenciais também forçaram deslocamento de civis e provocaram mortes no Sri Lanka

Ishara S. KODIKARA / AFP

Na Malásia, as enchentes que devastaram amplas áreas do norte do estado de Perlis deixaram dois mortos.

Os países do Sudeste Asiático costumam sofrer enchentes e deslizamentos durante a estação das chuvas, que vai de novembro a abril. Desta vez, as precipitações foram agravadas pela formação dos ciclones.

A mudança climática tornou as tempestades mais severas, com chuvas torrenciais, enchentes súbitas e ventos mais violentos. O aumento da temperatura favorece o acúmulo de umidade e episódios de chuvas extremas, enquanto o aquecimento dos oceanos intensifica as tempestades. (Com AFP)