Ex-reitor de Harvard deixa de dar aulas enquanto suas ligações com Jeffrey Epstein são investigadas pela instituição

 

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Lawrence Summers, economista da Universidade de Harvard e ex-reitor da instituição, será afastado de suas funções docentes enquanto a instituição investiga suas ligações com o financista e criminoso sexual Jeffrey Epstein, informou o seu porta-voz, Steven Goldberg, em comunicado na quarta-feira. Ele também deixará seu cargo de diretor do Centro Mossavar-Rahmani para Negócios e Governo da Escola Kennedy de Harvard. A universidade confirmou que Summers havia comunicado sua decisão, que foi divulgada inicialmente pelo Harvard Crimson.

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Seu porta-voz disse que seus colegas professores concluirão suas aulas neste semestre e que ele não tinha atividades programadas para o próximo semestre. Mas Summers manterá seu status de professor titular em Harvard enquanto estiver afastado do ensino durante a investigação, e ele está apenas afastado do Centro Mossavar-Rahmani.

O economista lamentou por manter sua conexão com Epstein depois que o financista foi para a prisão. Poucas horas antes, Bunkers também renunciou ao conselho da OpenAI, do qual passou a fazer parte em 2023, depois que uma tentativa fracassada de golpe na diretoria destituiu brevemente o presidente-executivo da empresa, Sam Altman.

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A ligação dele com Epstein era conhecida há anos. Mas uma série de e-mails divulgados por uma comissão da Câmara na semana passada revelou uma relação íntima entre os dois homens, que trocaram mensagens depois que Epstein cumpriu pena de prisão por crimes sexuais com menores. Entre outros assuntos, os homens discutiram uma mulher pela qual Summers, que é casado, tinha interesse. Epstein descreveu-se como o parceiro de Summers.

Na OpenAI, Summers era visto como fundamental para reparar o conselho dividido, trabalhando com diretores independentes adicionais, incluindo Bret Taylor, um ex-executivo da Salesforce, e Paul M. Nakasone, um general aposentado do Exército dos EUA. Ele participava de diferentes comitês do conselho, incluindo um responsável pela auditoria das finanças da empresa.

Nos últimos dois anos, a OpenAI se estabilizou e passou a atrair dezenas de bilhões de dólares em investimentos de capital privado, ao mesmo tempo em que desenvolveu laços mais estreitos com o governo federal. O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que o desenvolvimento da IA é fundamental para o futuro econômico do país.

Summers também ajudou a empresa, que começou como uma organização sem fins lucrativos, a adotar no mês passado uma nova estrutura voltada para o lucro. A mudança há muito esperada permite que a OpenAI opere como uma empresa mais tradicional, enquanto continua a levantar as enormes somas de dinheiro necessárias para desenvolver inteligência artificial. A empresa está avaliada atualmente em mais de US$ 500 bilhões (R$ 2,5 trilhões). (O New York Times processou a OpenAI e a Microsoft, alegando violação de direitos autorais de conteúdo noticioso relacionado a sistemas de IA. As duas empresas negaram as alegações do processo.)

“Agradecemos suas muitas contribuições e a perspectiva que ele trouxe para o conselho”, disse o conselho de administração da OpenAI em um comunicado ao The Times na quarta-feira.

Summers renunciou a vários outros cargos esta semana, depois de dizer na segunda-feira que estava se afastando de compromissos públicos para se concentrar em reconstruir a confiança e reparar relações. Ele rompeu relações com o Center for American Progress e o Center for Global Development, dois think tanks. A seção de opinião do New York Times disse em um comunicado que não renovaria o contrato de Summers como escritor colaborador.

Na segunda-feira, a senadora Elizabeth Warren, democrata de Massachusetts, instou Harvard a cortar os laços com o Summers.

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Vídeos postados online na terça-feira mostraram Summers falando brevemente sobre suas comunicações com Epstein para uma sala de aula cheia de estudantes.

— Alguns de vocês devem ter visto minha declaração de arrependimento, expressando minha vergonha pelo que fiz em minha comunicação com o Sr. Epstein — disse Summers à turma. — E que eu disse que vou me afastar das atividades públicas, mas – por um tempo – acho muito importante cumprir minhas obrigações como professor.

Ele mudou de ideia um dia depois.

Epstein, que cometeu suicídio na prisão em 2019, tinha uma longa relação com Harvard, doando mais de US$ 9 milhões (R$ 45 milhões) antes de se declarar culpado por crimes sexuais em 2008, de acordo com um relatório de Harvard de 2020.