EUA venderam rifles de precisão a unidade da polícia envolvida em megaoperação do Rio, diz agência
Segundo informações da Reuters, diplomatas norte-americanos expressaram preocupação de que o armamento pudesse ser usado em ações extrajudiciais. O governo dos Estados Unidos aprovou, em 2023, a venda de rifles de precisão para o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), do Rio de Janeiro, mesmo diante de alertas de diplomatas sobre o risco de o armamento ser usado em execuções extrajudiciais, de acordo com informações publicadas na Reuters.
A negociação envolveu 20 rifles produzidos pela empresa Daniel Defense, sediada no estado de Geórgia, e foi concluída de forma discreta durante o governo do então presidente Joe Biden. As armas, no entanto, só chegaram ao Brasil em 2024, após discussões internas no Departamento de Estado sobre a pertinência da venda.
Elizabeth Bagley, então embaixadora dos EUA no Brasil, se opôs ao negócio, assim como alguns diplomatas que atuavam em questões de direitos humanos e segurança, segundo um memorando do Departamento de Estado de janeiro de 2024 obtido pela Reuters. O documento descreve o BOPE como “uma das unidades policiais mais notórias do Brasil em relação a assassinatos de civis”.
A polícia do Rio — da qual o BOPE é a unidade mais conhecida — foi responsável por 703 mortes no ano passado, segundo dados oficiais consolidados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
A Reuters não conseguiu confirmar se os rifles de precisão fabricados nos EUA foram usados pelo BOPE na operação da semana passada, que deixou 121 mortos, incluindo quatro policiais, no Rio de Janeiro.
O episódio gerou forte reação de entidades de direitos humanos e de especialistas da ONU, que apontam possível uso excessivo da força.
Em abril, o presidente Donald Trump revogou uma diretriz de 2023, editada por Biden, que impunha restrições mais rigorosas à exportação de armas em casos que envolvem preocupações com direitos humanos.
