EUA registram primeira morte causada por alergia à carne após picada de carrapato; entenda

 

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Um piloto de 47 anos, de Nova Jersey, tornou-se o primeiro caso documentado de morte causada pela síndrome alfa-gal, uma alergia grave à carne vermelha desencadeada por picadas de carrapato. O desfecho foi confirmado após análises laboratoriais solicitadas pela família e descritas em um relato publicado no Journal of Allergy and Clinical Immunology in Practice, divulgado nesta quarta-feira (12). Antes disso, a morte havia sido classificada como “súbita inexplicável”, pois a autópsia inicial não apontou sinais de infarto ou outra condição fatal.

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O caso começou semanas antes, quando o homem sofreu diversas picadas que julgou serem de ácaros, mas que, segundo especialistas da Universidade da Virgínia, eram larvas do carrapato-estrela-solitária (Amblyomma americanum). Após comer bife em um acampamento familiar, em setembro de 2024, ele apresentou dor abdominal intensa, vômito e diarreia horas depois — um padrão típico da síndrome alfa-gal, que costuma provocar sintomas tardios, entre três e cinco horas após a ingestão de carne bovina, suína ou de cordeiro.

Uma ameaça crescente

Duas semanas mais tarde, após comer um hambúrguer em outro churrasco, o piloto voltou a passar mal. Foi encontrado inconsciente pelo filho e, apesar de duas horas de tentativas de reanimação, morreu no hospital. Posteriormente, exames realizados com sangue revelaram níveis elevados de triptase, substância associada à anafilaxia fatal, além de anticorpos contra alfa-gal — evidência, segundo os pesquisadores, de que a reação alérgica foi o fator determinante.

A síndrome alfa-gal tem avançado rapidamente nos EUA, à medida que populações de cervos — hospedeiros principais do carrapato-estrela-solitária — se expandem para novas regiões. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), cerca de 90 mil casos suspeitos foram registrados entre 2017 e 2022, com aumento médio de 15 mil novos casos por ano. A agência estima que até meio milhão de americanos possam ser afetados.

Pesquisadores alertam que mudanças climáticas e invernos mais quentes contribuem para a migração desses carrapatos para estados onde antes eram incomuns, como Washington e Maine. A expansão do carrapato-estrela-solitária preocupa porque a espécie também está associada a outras enfermidades, além da alergia à carne.

Enquanto especialistas reforçam a necessidade de vigilância e prevenção, recomendam cuidados básicos para reduzir riscos: uso de roupas que cubram a pele, repelentes, atenção redobrada após atividades ao ar livre e inspeção em áreas de maior exposição, como tornozelos, couro cabeludo e axilas.