Em resposta aos EUA, Venezuela mobiliza tropas no principal aeroporto do país e em duas regiões do Caribe

 

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A Venezuela informou nesta quarta-feira sobre uma nova mobilização militar em duas regiões costeiras do norte, próximas ao principal aeroporto do país, em resposta às manobras militares ordenadas pelos Estados Unidos nas águas internacionais do Caribe. O governo do presidente Donald Trump enviou, há mais de um mês, oito navios de guerra e um submarino nuclear ao sul do Caribe, frente à costa da Venezuela, com o argumento de combater o "narcotráfico".

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Os militares também estão posicionados no aeroporto internacional de Maiquetía, em La Guaira, que atende a capital Caracas. Segundo o ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello, que acompanhou a mobilização, os agentes também estão nos portos, nas alfândegas, em unidades militares e instituições.

— Começou o exercício Independência 200, de ativação integral de todos os planos de defesa e ofensiva permanente nas zonas La Guaira e Carabobo — disse o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em um áudio no Telegram.

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Segundo o governo, em La Guaira existe um plano defensivo com redes de vigilância e drones que inclui a milícia, um corpo militar formado por civis. Os exercícios em Carabobo, por sua vez, são realizados no forte militar Paramacay, na capital Valência.

Militares e policiais também se mobilizam na avenida Universidad, uma das principais de Valência, para realizar exercícios militares em caso de "invasão".

Ofensiva dos EUA

Nas últimas semanas, os Estados Unidos mataram, pelo menos, 21 supostos narcotraficantes em quatro ataques a embarcações. Desde o início das ações americanas, a Venezuela condena os ataques e denuncia a ação como uma "ameaça" para conseguir uma "mudança de regime".

Trump disse, no último domingo, que os ataques contra pequenas embarcações perto da costa venezuelana têm sido tão bem-sucedidos que "não há mais barcos" nessa área do Caribe.

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Até o momento, a Venezuela realizou exercícios em estados fronteiriços com a Colômbia, como Zulia (noroeste), onde ativou a operação Catatumbo com 25 mil soldados. Também em Caracas e nas regiões costeiras, La Guaira, Falcón, Sucre, Nueva Esparta e a ilha La Orchila, no Caribe.

A Venezuela também se prepara para decretar um possível estado de emergência externa, uma declaração federal de exceção que concede a Maduro poderes especiais e inclui a "restrição temporária" dos direitos constitucionais.

O último ataque

Na última sexta-feira, militares dos Estados Unidos mataram quatro pessoas em um novo ataque contra uma embarcação que supostamente transportava drogas, segundo o secretário de Defesa americano, Pete Hegseth. A ação foi o quarto bombardeio desse tipo e ocorreu um dia após o presidente Donald Trump declarar formalmente que os EUA estão em guerra contra cartéis de drogas. Em paralelo, a Venezuela condenou a "incursão ilegal" de caças de Washington em uma zona aérea sob seu controle.

No X, Hegseth disse que o ataque, sob ordem de Trump, foi realizado em águas internacionais, próximo à costa da Venezuela. "Esses ataques continuarão até que os ataques ao povo americano acabem!", escreveu o secretário de Defesa.

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Em um vídeo de quase 40 segundos compartilhado por Hegseth, uma embarcação pode ser vista se movendo na água antes que vários projéteis pareçam atingir a água, causando a explosão. À medida que a fumaça da explosão se dissipa, o barco fica visível, consumido pelas chamas, flutuando imóvel na água.

Hegseth disse, sem fornecer provas, que a inteligência confirmou "sem dúvida" que o navio transportava drogas e que as pessoas a bordo eram "narcoterroristas". Trump, também sem apresentar provas, afirmou que o barco continha "drogas suficientes para matar de 25 mil a 50 mil pessoas" e deu a entender que ele estava "entrando em território americano enquanto estava na costa venezuelana".