Drones lançam milhares de mosquitos em florestas do Havaí; entenda

 

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Em uma tentativa inédita de salvar as aves nativas do Havaí da extinção, cientistas começaram a lançar milhares de mosquitos machos modificados por drones sobre as florestas das ilhas Maui e Kauaʻi. O método, que utiliza uma bactéria capaz de impedir a reprodução dos mosquitos selvagens, é visto como uma das últimas esperanças para frear a disseminação da malária aviária, doença que vem dizimando espécies endêmicas do arquipélago. Em junho, dezenas de cápsulas biodegradáveis caíram do céu sobre as florestas do Havaí. Cada uma, entregue por drones, continha cerca de mil mosquitos.

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A operação, que começou em 2023, marca uma virada na luta contra uma das maiores crises ecológicas do Pacífico. As cápsulas biodegradáveis, carregadas por drones, são liberadas em áreas de difícil acesso, cada uma contendo cerca de mil mosquitos machos criados em laboratório. Esses insetos não picam e carregam a bactéria Wolbachia, que torna inviáveis os ovos gerados no cruzamento com fêmeas selvagens.

Ao impedir que novos mosquitos eclodam, a população invasora tende a diminuir gradualmente. Com menos mosquitos transmissores da malária aviária, se espera que aves como o pássaro-melífero-havaiano, essencial para a polinização e parte da identidade cultural local, tenham uma chance de se recuperar.

Segundo Chris Farmer, diretor do programa havaiano da American Bird Conservancy (ABC), essa pode ser a última oportunidade para salvar os honeycreepers (pássaros-melíferos) que restam. “Com as mudanças climáticas, os mosquitos estão subindo as montanhas e empurrando as aves para áreas cada vez menores. Se não quebrarmos esse ciclo, perderemos espécies que existem apenas aqui”, alerta.

O uso de drones revolucionou a logística do projeto. Antes, as liberações eram feitas por helicópteros, em operações caras e arriscadas. Agora, as aeronaves não tripuladas permitem um lançamento mais preciso, frequente e ambientalmente seguro, reduzindo custos e ampliando a área coberta pelas missões. Essa inovação é considerada essencial para alcançar regiões densas de floresta tropical, inacessíveis por outros meios.

A técnica do inseto incompatível (IIT) não é nova, mas sua aplicação em larga escala no Havaí representa um marco. Em outros países, a liberação de mosquitos com Wolbachia já se mostrou eficaz para conter doenças humanas como dengue e zika. No caso havaiano, o objetivo é ecológico: proteger um ecossistema que já perdeu mais de 30 espécies de aves nas últimas décadas.

Especialistas ressaltam ainda que os resultados não serão imediatos. O controle da população de mosquitos exige anos de monitoramento e repetidas liberações. Mesmo assim, o projeto simboliza uma aliança inédita entre ciência e conservação.