Dos 31 detentos mortos em rebelião no Equador, 27 foram encontrados enforcados
Pelo menos 31 detentos foram encontrados mortos em uma prisão da província de El Oro, no sul do Equador, segundo confirmaram as autoridades na madrugada de domingo. Entre as vítimas, 27 foram enforcadas e outras quatro morreram durante confrontos entre facções rivais dentro da penitenciária. Mais de 30 presos, segundo a rede britânica BBC, ficaram feridos.
Contexto: Pelo menos 31 presos morrem em rebelião violenta no Equador
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De acordo com o Serviço Nacional de Atendimento Integral a Adultos Privados de Liberdade (Snai), que administra o sistema prisional do país, os tumultos foram desencadeados por planos de transferência de detentos para uma nova prisão de segurança máxima. Horas depois, ainda de acordo com o Snai, agentes de segurança encontraram corpos pendurados no terceiro andar do edifício prisional, em um novo episódio de violência.
“Em relação aos acontecimentos ocorridos neste domingo à tarde no Centro de Detenção de Machala, informa-se que, até o momento, foram registradas 27 mortes de pessoas privadas de liberdade, entre as quais por asfixia, que resultou em morte imediata por enforcamento”, informou a entidade.
Segundo o jornal equatoriano El Universo, essa nova descoberta foi registrada por volta das 18h30 do domingo, apenas 14 horas após o primeiro massacre ocorrido nas primeiras horas do mesmo dia, que deixou quatro mortos e 34 feridos. O ambiente dentro da prisão era caótico. Fontes ouvidas pelo jornal indicaram que os corpos foram encontrados em estado crítico.
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— Não entendemos como isso pôde acontecer novamente — disse um agente sob condição de anonimato, em entrevista ao El Universo.
Do lado de fora, a cena não era menos tensa. Quase uma centena de parentes se aglomerava em frente aos portões da prisão, exigindo informações sobre os prisioneiros. Muitos estavam sem notícias e clamavam por listas oficiais de sobreviventes e dos falecidos.
— A angústia está nos matando. Só queremos saber se ele está vivo — gritou uma mulher. — Outra tragédia.
A prisão de El Oro, localizada na cidade de Machala, já havia sido cenário de outro motim sangrento em setembro, quando 13 detentos e um guarda morreram durante brigas entre facções. Familiares de presos pediram que o governo reforce a segurança e mantenha gangues rivais em alas separadas, enquanto moradores da região voltaram a exigir a transferência da penitenciária, situada em área urbana, para um local mais afastado.
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No início do ano, o governo do presidente Daniel Noboa anunciou a construção de uma nova prisão de segurança máxima na província de Santa Elena, batizada de El Encuentro, cuja inauguração está prevista para o final deste mês. O ministro do Interior equatoriano, John Reimberg, afirmou que o novo complexo contará com “as medidas de segurança mais modernas” para tentar conter a crise no sistema prisional.
Nos últimos anos, o Equador tem enfrentado uma onda de violência ligada a facções criminosas que operam tanto dentro quanto fora das prisões. Também em setembro, as duas principais organizações, Los Lobos e Los Choneros, foram designadas pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos como grupos terroristas estrangeiros, após sucessivos episódios de massacres e ataques a autoridades.
