Criminoso sexual que fingiu sequestro há 13 anos é preso em universidade no estado de Nova York
Um criminoso sexual condenado de Oklahoma, que estava foragido desde que simulou seu próprio sequestro há 13 anos, foi preso na semana passada no estado de Nova York. Ele usava um nome falso e estava matriculado em uma universidade próxima à fronteira com o Canadá, informaram as autoridades.
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O homem, identificado como Anthony Lennon, de 44 anos, estava na lista dos dez mais procurados de Oklahoma e era fugitivo desde março de 2012, quando fugiu para evitar acusações de posse de imagens de abuso sexual infantil.
Sequestro encenado em motel
Naquele mês, Lennon foi até o motel Super 8, em Moore, Oklahoma, onde trabalhava, e “encenou um sequestro e roubo elaborado e sangrento, deixando para trás provas forjadas para parecer que havia sido sequestrado”, segundo o Serviço de Delegados dos EUA. Detetives encontraram uma poça de sangue, um dos sapatos de Lennon, botões de camisa, pegadas ensanguentadas e dinheiro faltando no caixa do motel, conforme registros judiciais.
A polícia, chamada ao local em 12 de março de 2012, “descobriu rapidamente que tudo não passava de uma farsa”, disse Johnny L. Kuhlman, delegado federal do Distrito Oeste de Oklahoma, em entrevista nesta terça-feira.
De acordo com os autos, os detetives notaram que Lennon havia deixado para trás seu sapato e o crachá de funcionário. “Havia muitas coisas estranhas que você não imaginaria que estariam ali”, afirmou Clint Byley, porta-voz do Departamento de Polícia de Moore.
A “grande quantidade de sangue” encontrada era do próprio Lennon, o que exigiria “um esforço considerável”, explicou o chefe de polícia de Moore, Todd Gibson, em coletiva de imprensa na semana passada.
Pouco antes de simular o crime, Lennon “esvaziou sua conta bancária” e disse aos caixas que estava “com problemas com a lei e precisava de todo o seu dinheiro”, conforme uma declaração juramentada em apoio à denúncia criminal federal apresentada recentemente.
Na época, ele era procurado por oito acusações de posse de imagens de abuso sexual infantil. Já havia sido condenado em 2010, no Condado de Cleveland, Oklahoma, por crimes semelhantes, e estava obrigado a se registrar como agressor sexual.
Vida sob identidade falsa
Durante os 13 anos em que permaneceu desaparecido, Lennon conseguiu escapar das autoridades, mas deixou pistas ocasionais. Em fevereiro de 2020, sua conta da Amazon foi acessada na Carolina do Norte e um carregador de celular foi adicionado ao carrinho, segundo a declaração federal.
Dois anos depois, em 2022, frequentadores de um evento de anime em Dallas — identificado como “A-Con” — disseram aos investigadores acreditar tê-lo visto. A convenção é realizada anualmente em Irving, no Texas.
Não ficou claro como as autoridades conseguiram localizá-lo, mas, segundo Kuhlman, a investigação levou à execução de mandados de busca no norte do estado de Nova York. “Seguimos pistas por todo o país nos últimos doze anos, mas esta foi a mais definitiva para sabermos onde ele estava”, afirmou.
Na quinta-feira, agentes prenderam Lennon no estacionamento de um supermercado em Canton, vila ao norte do estado de Nova York, próxima à fronteira canadense. Ele havia se matriculado na Universidade Estadual de Nova York, campus Canton, no outono de 2024, sob o nome de Justin Tyler Phillips, como estudante externo do curso técnico em engenharia, informou um porta-voz da instituição.
De acordo com a declaração juramentada, Lennon não se registrou como agressor sexual e usou um pseudônimo para obter documentos de identidade e certidão de nascimento falsos, além de tentar várias vezes conseguir um passaporte americano. O Serviço de Delegados Federais informou que ele possuía mestrado em ciência da computação e cursava doutorado na área quando desapareceu.
“Ele era muito entendido de computadores”, disse Byley. “Tinha todos os meios necessários para escapar.”
Atualmente, Lennon está sob custódia federal em Syracuse, Nova York, enquanto as autoridades tentam transferi-lo para Oklahoma, onde responderá pelas acusações de 2012.
Gabrielle DiBella, defensora pública federal em Syracuse, afirmou por e-mail que representa “um homem que supostamente é Anthony Lennon”.
“Não tenho comentários a fazer sobre as acusações, além de afirmar que ele tem direito ao devido processo legal e à presunção de inocência, assim como qualquer outra pessoa neste país que tenha sido acusada de um crime”, disse ela.
