Conheça a família argentina que largou tudo para educar os filhos a bordo de um veleiro no Atlântico até março de 2026
Você já imaginou criar seus filhos a bordo de um barco, cruzando o Atlântico enquanto ensina matemática, língua portuguesa e lições de vida? Foi essa escolha que marcou a família Barbier Sonzini, de origem franco-argentina, que decidiu transformar a travessia marítima em uma experiência de aprendizado única para os três filhos.
Ícone chileno: conheça o El Principal Andetelmo, um vinho Cabernet Sauvignon elaborado perto de Santiago
Ángeles Sonzini Astudillo, mãe e narradora da viagem, recorda o instante em que o sonho se tornou realidade. “Era um sábado à noite, num jantar com amigos que já tinham feito essa viagem. No dia seguinte, decidimos: ‘Ok, vamos nessa’”, contou ao Infobae. Em poucos meses, organizaram empregos, escola das crianças e escolheram um trimarã de 28 pés, adquirido em La Rochelle, na França. A partida oficial aconteceu em 25 de agosto, com roteiro traçado até o Caribe e retorno previsto pelos Açores em março de 2026.
Antes de se aventurarem pelo oceano, Ángeles e Timothée, ambos executivos em suas áreas, já tinham experiência em navegar e ensinar o amor pelo mar aos filhos: Gastón, de 11 anos; Vasco, de 9; e Charlie, de 6. O casal se conheceu na França, unindo culturas e idiomas diferentes, e encontrou na vela uma forma de compartilhar o dia a dia com a família.
A vida a bordo
A rotina a bordo exigiu adaptação. Ángeles explicou ao Infobae que os primeiros dias são “como férias, mas depois a vida real começa”. As crianças, matriculadas em ensino à distância, dedicam cerca de duas horas diárias aos estudos formais, enquanto aprendem na prática sobre meteorologia, leitura de cartas náuticas e interpretação das condições do mar. “Eles observam e imitam, aprendem sem perceber”, relata a mãe.
A vida em um espaço reduzido, porém aberto ao oceano, transformou a dinâmica familiar. “O mar nos dá sensação de liberdade. Podemos sentar lado a lado, olhando para o horizonte, sem nos sentirmos presos”, conta Ángeles, que também destaca a importância de identificar o cansaço antes que ele prejudique a harmonia a bordo.
O percurso apresentou desafios físicos e emocionais. O Golfo da Biscaia, considerado uma das partes mais difíceis da travessia, testou a confiança e a autonomia da família. Ao mesmo tempo, encontros com pescadores em Santa Lúcia e a experiência em Cabo Verde ensinaram lições de generosidade, simplicidade e respeito. “O maior aprendizado é ter coragem, sonhar e se abrir para o mundo”, diz Ángeles.
Lições para a vida
Para Ángeles, a travessia é uma oportunidade de autoconhecimento e fortalecimento do vínculo familiar. Ela ressalta que, apesar de eventual retorno à vida em terra firme, o que mais teme é perder a conexão construída durante a aventura. “Aprendi a assumir responsabilidades, sair da zona de conforto e a enxergar a vida sob uma perspectiva diferente”, afirma.
A família Barbier Sonzini demonstra que a educação, a coragem e a confiança podem se reinventar, transformando o oceano em sala de aula e lar. Como conclui Ángeles, “não há momento perfeito para dar o primeiro passo; é preciso querer e agir”.
