Como a Inteligência Artificial mudou os jogos lançados em 2025
Com uma aplicação cada vez mais frequente da inteligência artificial em tudo, os jogos não ficaram de fora e receberam diversas novidades pelo uso da tecnologia dentro das diversas experiências. 5 estúdios que são contra o uso de IA nos videogames 10 estúdios que são a favor do uso de IA nos videogames Seja durante o seu desenvolvimento ou até inclusa dentro do gameplay, as IAs não são mais uma “realidade distante”, mas algo que já pode ser encontrado em vários títulos lançados nos consoles e nos PCs. Nós do Canaltech reunimos algumas formas como a inteligência artificial mudou e impactou o mercado de jogos no ano de 2025. De personalização ao comportamento, ela deu seus primeiros passos nos videogames e está prestes a criar ainda mais raízes daqui em diante. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- O fim da dor de cabeça na customização Já jogou qualquer game no qual é possível personalizar seu personagem, mas não tem roupas ou cores que te agradem? Pois é, isso se tornou comum e acaba por remover parte da imersão dos jogadores nos vários lançamentos. inZOI permite usar a IA para alterar a textura de suas roupas (Imagem: Divulgação/Krafton) Porém, o uso da inteligência artificial passou a mudar isso de uma vez por todas. Em inZOI, por exemplo, você tem uma IA generativa on-device (que roda no seu PC) que permite criar texturas para a roupa do seu personagem — da forma como você quiser. Deste modo, é possível digitar comandos simples como “textura floral” e ela é criada em segundos para a roupa que você usa na obra. Isso remove por completo a necessidade de instalar mods ou criar designs complexos dentro dos títulos, já que a própria inteligência artificial preenche esta lacuna. Neste aspecto, inZOI quebrou as barreiras de criação que existem desde que a personalização é possível dentro dos games. IA contra jogadores Muito se viu em 2025 sobre avanços na aplicação de IAs na rotina e ações dos NPCs, como acontece em inZOI, Civilization VII e até em Kingdom Come: Deliverance 2, um dos grandes indicados ao Jogo do Ano na The Game Awards 2025. Porém, a tecnologia foi além disso e entregou mais neste ano. Enquanto vemos avanços em comportamentos e conversas nos games mencionados, o MMORPG sul-coreano Mir5 foi além e trouxe Asterion. O chefão usa a inteligência artificial NVIDIA ACE para te enfrentar e eleva o grau de dificuldade que existe nos jogos eletrônicos. Ele analisa, em tempo real, os dados dos jogadores e aprende os combos que cada personagem usa. Desta forma, ele muda sua tática dinamicamente e elimina de uma vez por todas o fator “decorar movimentos”. Para encarar esta batalha, o grupo de jogadores precisa de estratégia e sincronia para vencer Asterion. Este uso do recurso garantiu que o PvE (jogador vs. ambiente) se tornasse tão imprevisível quanto o PvP (jogador vs. jogador). Liberdade com a inteligência artificial Se a personalização e gameplay já são diferentes com a inteligência artificial, o que falta mudar? A trama? Não, caros leitores, ela também teve grandes impactos no ano de 2025 em diversos títulos. A visual novel AI2U: With You ‘Til The End, por exemplo, usa os “Large Language Models” (LLM) para gerar todos os diálogos das suas NPCs. Você pode, literalmente, digitar o que quiser e terá uma resposta que aquela figura (e sua personalidade) diria em uma “situação real”. Além do fator imprevisibilidade, a IA garante que qualquer jogador experimente o game diversas vezes e tenha uma experiência única em cada diálogo. Deste modo, é possível ter mais imersão e um envolvimento maior com as personagens que interagem na sua trama. O mesmo será visto, com escalas diferentes para se adaptar ao gameplay, em alguns títulos previstos para serem lançados em 2026, como Dead Meat e Judas — que foi produzido pelo mesmo criador de BioShock. A inteligência artificial também promete mudar a experiência dos jogadores em Judas (Imagem: Divulgação/Ghost Story Games) O impacto no multiplayer Nem mesmo os jogos multiplayer online escaparam das IAs em 2025. O battle royale Naraka: Bladepoint, por exemplo, implementou o Teammate AI — um NPC controlado pela inteligência artificial para te acompanhar e ajudar nos confrontos dentro da experiência. Ele funciona basicamente como um copiloto, você dá uma ordem para receber cobertura, flanquear inimigos por algum lado e outras e ele apenas executa. Assim, se o seu amigo não entrar para jogar com você no dia ou acontecer algum imprevisto no grupo, você não estará só nas batalhas. O party game Midnight Murder Club já apela para outra aplicação da inteligência artificial, com a geração procedural de itens e armadilhas para os jogadores usarem dentro das partidas. Cada armadilha e itens de sobrevivência são gerados para aumentar a tensão nas partidas (Imagem: Divulgação/Velan Studios) Se levar em consideração o design sombrio da mansão que explora e a imprevisibilidade do seu sistema, cada combate é nivelado para entregar uma experiência divertida para todos. Os veteranos não dominam o mapa, assim como os novatos recebem uma chance real de saírem vitoriosos. ARC Raiders e as IAs A Embark Studios foi a que mais explorou a inteligência artificial nos jogos em 2025 e ARC Raiders comprova que ela pode ser muito bem-sucedida. E uma das principais aplicações é no Reinforcement Learning nos NPCs do lançamento. Aqui, a IA foi usada para ensinar os robôs a usar seus movimentos em um ambiente simulado. Com plena ciência de como caminhar e usar seu corpo, o estúdio não precisou mais ter uma animação pronta para cambalear ou superar desafios para se movimentar. Um exemplo disso é o robô “Spider”, que se tiver uma das suas patas arrancadas, se equilibra nas restantes de forma quase instantânea. Ele percebe que seu centro de gravidade mudou e se adapta dinamicamente. O uso do Reinforcement Learning pode trazer até cenas divertidas, como ver um deles tropeçar no cenário, se apoiar em paredes ou até se arrastar para continuar a atacar os jogadores. Assim, eles parecem mais uma ameaça real, um organismo que luta para sobreviver e cumprir o seu objetivo. Em ARC Raiders, também foi muito aclamado o uso dos diálogos criados pela IA conforme realiza ações. Os modelos de voz usam o contexto para emitir opiniões e sinalizar, o que torna a experiência bem mais imersiva. Antes, o estúdio tinha de gravar variações de frases, que beiravam às dezenas de milhares. E muitas vezes, a entonação não combinava com o momento. Porém, a Embark Studios conseguiu trazer momentos divertidos, de surpresa ou urgência para cada situação com maestria. Assim como Mir5 usa a inteligência artificial de forma tática, ARC Raiders também executou bem esta função no game. Não há patrulhas fixas, se um dos robôs identifica sons ou inconsistências, ele pode ir até a fonte para analisar e dar ordens para aliados armarem emboscadas. Um absurdo. De todos os títulos, este foi o lançamento que mais teve uso distintos da IA para trazer um resultado final satisfatório e que continua a engajar os jogadores. Não é à toa que sua popularidade se mantém em alta, mesmo com obras como Battlefield 6 no páreo. Os próximos passos da IA nos games Se a inteligência artificial mudou os jogos lançados em 2025, os próximos anos prometem impactar ainda mais este cenário. Estas aplicações, assim como o upscaling e outros recursos são muito interessantes, mas podemos ver ainda mais de 2026 em diante. Um exemplo disso é a própria Microsoft, que pretende reviver games antigos através de sua IA. Uma versão do Muse AI recria os títulos e os modifica para trazer novos desafios, de forma procedural. Um exemplo disto é a versão de Quake II criada para navegadores, que utiliza isto de forma positiva. Ainda que estivesse em estágios iniciais em abril de 2025, mais avanços devem apresentar resoluções melhores e um atraso menor nos comandos — dois dos grandes desafios que a versão sofria em sua apresentação aos fãs. Este, somado aos avanços tecnológicos do que já vimos neste ano, devem movimentar ainda mais a utilização da tecnologia nos próximos anos. Light No Fire (dos mesmos criadores de No Man’s Sky) e Assassin’s Creed: Hexe — que deve estrear o sistema NEO NPCs da Ubisoft — são exemplos disso. Apesar do futuro ser incerto, pode esperar para ver mais aplicações distintas de inteligência artificial nos seus jogos. Nem todas serão positivas, assim como nem todas serão negativas, contanto que sejam respeitados elementos como os artistas e, claro, a diversão dos jogadores. Leia também no Canaltech: Polêmica: Clair Obscur perde prêmio de Melhor Jogo Indie por usar IA CEO da Epic Games defende uso de IA em ARC Raiders após review polêmica Criador de Super Smash Bros diz que IA pode ser o caminho para produção de jogos Leia a matéria no Canaltech.
