Colonos israelenses incendeiam e picham mesquita em novo ataque contra palestinos na Cisjordânia

 

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Colonos israelenses incendiaram e picharam uma mesquita na Cisjordânia ocupada nesta quinta-feira, no mais recente de uma série de ataques contra palestinos na região. O Ministério de Awqaf e Assuntos Religiosos afirmou que colonos atacaram a Mesquita Hajjah Hamidah, em Salfit, no norte da Cisjordânia, classificando o ato como um "crime hediondo e um ataque flagrante aos sentimentos dos muçulmanos".

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“O ataque resultou em partes da mesquita incendiadas e depredadas com grafites racistas por gangues de colonos, que realizam ataques diários a locais sagrados islâmicos e propriedades de cidadãos, em meio a uma escalada sistemática tanto na frequência quanto na natureza dessas violações”, afirmou o comunicado do ministério, enviado à rede americana CNN.

Imagens divulgadas pelo ministério mostram inscrições em hebraico na parte externa da mesquita, dizendo: “Maomé é um porco”, uma referência ao profeta do Islã, e “Não tenho medo de Avi Bluth”. Bluth é o comandante das Forças Armadas de Israel (IDF, na sigla em inglês) na Cisjordânia, que emitiu um comunicado na quarta-feira condenando os ataques dos colonos e chamando os perpetradores de “jovens anarquistas radicais”.

As imagens, segundo a CNN, também mostravam partes do interior da mesquita danificadas pelo fogo, com uma pilha de destroços carbonizados espalhados pelo chão. As paredes aparecem enegrecidas pela fumaça e marcas de calor, e os vidros das janelas quebrados.

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Também procurado pela rede americana, o Ministério das Relações Exteriores da Palestina denunciou o ataque, afirmando que "responsabiliza total e diretamente o governo israelense por este crime e suas consequências".

Em comunicado, as IDF reconheceram o ataque, afirmando que enviaram tropas ao local para "analisar o incidente e realizar buscas", e transferiram o caso para a Polícia de Israel para prosseguimento das investigações. O Exército afirmou que "nenhum suspeito foi identificado".

Cerca de 700 mil colonos judeus vivem na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, território que os palestinos reivindicam para um futuro Estado. Os assentamentos israelenses nos territórios ocupados são considerados ilegais segundo o direito internacional.

Número recorde de ataques de colonos

Os ataques de colonos contra palestinos e suas propriedades aumentaram drasticamente este ano, especialmente durante a época da colheita de azeitonas, em outubro e novembro. Um relatório da ONU, divulgado na semana passada, constatou que colonos israelenses realizaram pelo menos 264 ataques em outubro, o maior número desde que a organização começou a monitorar esses incidentes, em 2006.

Na última terça-feira, dezenas de colonos israelenses lançaram um grande ataque incendiário contra uma área agrícola na vila de Beit Lid, no norte da Cisjordânia, ateando fogo a uma nova fábrica de laticínios e em veículos e tendas em uma comunidade beduína próxima.

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Imagens obtidas pela CNN mostraram os colonos despejando gasolina em carros e caminhões antes de atear fogo nos veículos. O vídeo mostrava a fumaça tomando conta da área, com mulheres palestinas chorando enquanto homens carregavam extintores e baldes de água numa corrida para apagar o fogo.

Na comunidade beduína vizinha de Deir Sharaf, moradores disseram à CNN que, pelo menos, quatro palestinos ficaram feridos e precisaram de hospitalização após o ataque. Eles relataram que colonos os espancaram e mataram quatro de suas ovelhas. Nabil Dueis, de 15 anos, estava cuidando de seu gado quando os colonos invadiram a área.

— Foi aterrador, especialmente para as mulheres e as crianças. Eu estava indefeso contra 100 deles. Precisamos de proteção do Estado — disse ele à CNN.

Inicialmente, a polícia israelense afirmou ter detido quatro suspeitos para interrogatório após o que classificou como "extrema violência" no local. No entanto, na noite de quarta-feira, a polícia informou ter liberado três dos suspeitos.

O Ministério das Relações Exteriores palestino afirmou que a série de ataques "confirma o crescente terrorismo e os crimes dos colonos, perpetrados com o apoio direto do governo de ocupação, como parte de uma política sistemática e generalizada destinada a minar os direitos do povo palestino".