Casal é acusado de empregar 200 imigrantes sem documentos nos EUA; rede de encanamento teria faturado R$ 394 milhões
Um casal de Plymouth, Michigan, nos Estados Unidos, enfrenta acusações federais por, segundo a Justiça americana, empregar mais de 200 imigrantes indocumentados em sua empresa de encanamento, a Orduna Plumbing Inc., que opera em vários estados e teria gerado cerca de US$ 74 milhões. cerca de R$ 394 milhões. A denúncia inclui relatos de trabalhadores alojados em motéis e moradias superlotadas, conforme documentos apresentados por procuradores em Nova York.
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A apuração começou quando agentes federais identificaram uma van da empresa estacionada em um motel em Amherst, no estado de Nova York. No local, prenderam um grupo de imigrantes sem documentos que apontou Moisés Orduna-Rios, presidente da companhia, como o responsável pela contratação irregular. A partir dali, o governo passou a monitorar transações financeiras, interceptar mensagens e acompanhar a rotina da empresa ao longo de cinco anos.
Nos autos, consta que os trabalhadores recebiam entre US$ 800 e US$ 1.500 semanais (cerca de R$ 8.000), com algumas despesas de moradia pagas pela companhia. As mensagens obtidas pelos agentes mostram que Orduna-Rios orientava funcionários sobre cuidados com veículos e cartões corporativos, além de alertá-los para manterem discrição por causa do status imigratório. Em fevereiro, chegou a recomendar que evitassem mercados, festas e deslocamentos desnecessários, segundo o USA Today.
Menos de nove meses após esse aviso, o casal Moisés e Raquel Orduna-Rios foi formalmente acusado de conspiração, transporte e abrigo de imigrantes indocumentados, além de lavagem de dinheiro. Entre 2022 e 2024, a empresa teria contratado 253 trabalhadores, dos quais apenas seis tinham autorização legal para trabalhar nos Estados Unidos, segundo a acusação.
A investigação também apurou que a Orduna Plumbing retinha passaportes de funcionários e os instalava em cômodos improvisados. Em uma das ações policiais, agentes encontraram cinco vans da empresa diante de uma casa em Nova York, onde nove trabalhadores dividiam três quartos. No total, 23 imigrantes sem documentos foram detidos durante o processo.
Os autos trazem ainda mensagens em que Orduna-Rios determinava regras de limpeza e segurança nos alojamentos e orientava sobre eventuais ações do ICE. Em uma delas, afirmou que agentes só poderiam entrar em obras com mandado judicial e prometeu alertar seus empregados caso surgisse algum risco. Também compartilhou textos sobre direitos de imigrantes nos EUA, lembrando que todos têm acesso ao devido processo legal e ao direito de permanecer em silêncio.
Moisés e Raquel Orduna-Rios respondem ao processo em liberdade e têm audiência marcada para 2 de dezembro, em Nova York. Eles podem pegar até 10 anos de prisão e multas de até US$ 3 mil por trabalhador contratado irregularmente. Não há registro de representação legal em nome dos acusados.
