
Casal dos EUA descobre lápide romana de quase 2 mil anos no quintal; entenda como ela foi parar lá

Quem diria que, entre as folhas secas e o mato alto do quintal de uma casa em Nova Orleans, nos Estados Unidos, repousava uma relíquia de 1.900 anos? Foi o que descobriram Daniella Santoro, antropóloga da Universidade Tulane, e seu marido, Aaron Lorenz, ao limpar o terreno de sua residência no início deste ano. Sob a vegetação, encontraram uma laje de mármore com inscrições em latim, que, à primeira vista, pareciam ser de um cemitério do século XIX. Mas, ao investigar mais a fundo, revelaram um vínculo com o Império Romano.
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A pedra, com cerca de 30 centímetros de largura, trazia uma inscrição que dizia: "Aos espíritos dos mortos, para Sextus Congenius Verus, soldado da frota praetória Misenensis, da tribo dos Bessi, que viveu 42 anos e serviu 22 na guerra, na trirreme Asclepius. Atilius Carus e Vettius Longinus, seus herdeiros, fizeram para ele, bem merecedor". A tradução foi confirmada por especialistas como Susann Lusnia, da Universidade Tulane, e Harald Stadler, da Universidade de Innsbruck, que identificaram a lápide como pertencente a um marinheiro romano do século II.
Segundo a AP News, a surpresa maior veio quando a inscrição foi comparada com registros de um artefato perdido: a mesma lápide havia sido parte de um cemitério militar desenterrado na década de 1860 em Civitavecchia, Itália, e estava desaparecida desde os bombardeios da Segunda Guerra Mundial. A cidade, importante porto romano, foi severamente atingida pelos aliados, resultando na destruição de muitos museus e acervos arqueológicos.
O elo americano
A história da pedra ganhou um novo capítulo recentemente quando se descobriu que ela havia sido trazida para os Estados Unidos por Charles Paddock Jr., veterano da Segunda Guerra Mundial que serviu na Itália. Sua neta, Erin Scott O’Brien, herdou o item e o utilizou como decoração de jardim em sua casa em Nova Orleans a partir de 2003. Quando Santoro e Lorenz se mudaram para a residência em 2018, encontraram a pedra e iniciaram a investigação que revelou sua origem.
Após a confirmação da autenticidade e da origem da lápide, autoridades americanas, em colaboração com o FBI e o Ministério da Cultura italiano, iniciaram o processo de repatriação do artefato. A pedra será restaurada e exibida no Museu Arqueológico Nacional de Civitavecchia, onde ocupará seu lugar de direito na preservação da história romana.