Capacidade nuclear e 'espinha dorsal' da Força Aérea dos EUA: conheça o bombardeiro B-52, que sobrevoou a costa da Venezuela

 

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Imagem de arquivo mostra um avião bombardeiro B-52 da Força Aérea dos Estados Unidos decolando da base aérea em Gloucestershire, Inglaterra

REUTERS/DarrenStaples/Files

Três bombardeiros B-52 da Força Aérea dos Estados Unidos foram vistos sobrevoando uma região muito próxima da Venezuela na quarta-feira (15), mesmo dia em que o presidente Donald Trump confirmou que autorizou operações secretas da CIA em território venezuelano.

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As aeronaves se juntam a uma frota militar composta por pelo menos oito navios americanos, um submarino nuclear e um esquadrão de caças de guerra F-35 que está estacionada no mar do Caribe em meio a uma escalada de tensões entre o governo Trump e o regime Maduro.

A presença militar e as declarações do governo americano dão sinais de que Trump está disposto a derrubar Maduro na Venezuela, segundo especialistas ouvidos pelo g1.

O B-52 é um modelo fabricado pela Boeing, com capacidade para ataque nuclear. O avião carrega armas de alta precisão e pode voar por mais de 14 mil quilômetros sem reabastecer. É considerado a espinha dorsal da força de bombardeiros estratégicos dos Estados Unidos. (Veja mais sobre o bombardeiro em infográfico abaixo)

Veja os vídeos que estão em alta no g1

As aeronaves americanas foram vistas sobrevoando a chamada “FIR” —Região de Informação de Voo, na sigla em inglês—, área fora do território venezuelano, mas sob jurisdição do país. Segundo imagens do site de monitoramento aéreo FlightRadar, a rota traçada pelos aviões lembrava um desenho obsceno, o que pode integrar uma estratégia de guerra psicológica do governo Trump.

Segundo a Boeing, o B-52 é "o bombardeiro mais capaz em combate do arsenal americano" e "um elemento essencial da estratégia de segurança nacional dos EUA". A aeronave fornece ao Exército dos EUA "capacidade imediata de ataque global" por sua capacidade de carregar armamentos de longo alcance e também precisão, sejam eles convencionais ou nucleares.

"Em conflitos convencionais, o B-52 pode realizar ataques estratégicos, apoio aéreo aproximado, interdição aérea, operações ofensivas de contramedidas e missões marítimas", afirmou a Força Aérea dos EUA em seu site.

Conheça o bombardeiro B-52

Fabricante: Boeing;

Início da operação: 1955;

Comprimento: 48,5 m;

Envergadura: 56,4 m;

Altura: 12,4 m;

Velocidade máxima: 1.050 km/h;

Autonomia em combate: 14.200 km;

Altitude máxima de voo: 15.000 m;

Peso: 83.250 kg (vazio) a 221.323 kg (máximo);

Arsenal: até 32 toneladas de armamentos variados, entre bombas nucleares e convencionais, minas e mísseis de diferentes configurações.

Veja ficha técnica do bombardeiro B-52 da Força Aérea dos Estados Unidos.

Equipe de arte/g1

Os B-52 têm oito motores e são operados pela Força Aérea americana e a Nasa. Ao todo, 744 unidades do bombardeiro foram fabricadas até hoje.

Apesar do tamanho, esses bombardeiros levam apenas cinco tripulantes: piloto, copiloto, oficial de sistemas de combate, navegador e um oficial de combate eletrônico.

Segundo a Força Aérea americana, os B-52 podem ainda ser equipados com dois sensores ópticos, um sistema infravermelho de visão frontal e pods de mira avançados, que aumentam a capacidade de ataque e eficiência de combate dos bombardeiros

Em operações noturnas, os tripulantes dos B-52 utilizam óculos de visão noturna para melhorar a visibilidade.

Escalada de tensões

Imagem mostra o presidente dos EUA, Donald Trump (E), em Washington, DC, em 9 de julho de 2025, e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro (D), em Caracas, em 31 de julho de 2024.

AFP/Jim Watson

Especialistas ouvidos pelo g1 afirmam que o aparato enviado pelos EUA ao sul do Caribe é incompatível com uma operação militar para combater o tráfico de drogas.

"Se você olhar o tipo de equipamento enviado para a Venezuela, não é um equipamento de prevenção ou de ação contra o tráfico, ou contra cartéis", aponta o cientista Carlos Gustavo Poggio, professor do Berea College, nos EUA.

Maurício Santoro, doutor em Ciência Política pelo IUPERJ e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, avalia que os EUA podem estar se preparando para uma intervenção militar na Venezuela.

“É uma situação muito semelhante àquela do Irã, alguns meses atrás. O volume de recursos militares que os Estados Unidos transferiram para o Oriente Médio naquela ocasião, e agora para o Caribe, são indicações de que eles estão falando sério”, disse.

Veja a seguir o que se sabe sobre a operação dos EUA:

Pelo menos sete navios dos EUA foram enviados para o sul do Caribe, incluindo um esquadrão anfíbio, além de 4.500 militares e um submarino nuclear. Aviões espiões P-8 também sobrevoaram a região, em águas internacionais.

A operação se apoia no argumento de que Maduro é líder do suposto Cartel de los Soles, classificado pelos EUA como organização terrorista.

Os EUA consideram o presidente venezuelano um fugitivo da Justiça e oferecem recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à prisão dele.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, se recusou a comentar objetivos militares, mas disse que o governo Trump vai usar "toda a força" contra Maduro.

O site Axios revelou que Trump pediu um "menu de opções" sobre a Venezuela. Autoridades ouvidas pela imprensa americana não descartam uma invasão no futuro.

Trump vem se recusando a comentar se irá ordenar um ataque direto ao território venezuelano. Por outro lado, o presidente já autorizou que militares atirem contra caças da Venezuela que oferecerem risco à operação americana.

Enquanto isso, Caracas vem mobilizando militares e milicianos para se defender de um possível ataque. Civis também estão sendo treinados.