Candidatura de Flávio à Presidência abre disputa no PL por vaga na chapa ao Senado no Rio
O PL do Rio já tem disputas internas para ocupar a possível vaga do senador Flávio Bolsonaro (RJ), que anunciou a candidatura à Presidência em 2026. O ex-presidente Jair Bolsonaro declarou ter como prioridade formar maioria no Senado na próxima Legislatura, em uma tentativa de ampliar a pressão contra o Supremo Tribunal Federal.
Nomes do bolsonarismo fluminense, como o deputado Carlos Jordy, ex-líder de Bolsonaro na Câmara, se colocaram à disposição do partido para disputar a vaga no Senado.
Outros parlamentares, como o deputado Hélio Lopes (PL), também tentam se cacifar. Próximo de Bolsonaro, Hélio concorreu em 2018 como "Hélio Bolsonaro" nas urnas.
Caso não consiga ser candidato pelo Rio, Hélio pode ser lançado por Roraima. Dentro do partido, entretanto, há quem considere o atual líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, o nome mais associado ao ex-mandatário e próximo ao setor evangélico e, por isto, o favorito à vaga. Atual vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes, também é citado por correligionários pelas boas votações na região metropolitana e relações consolidadas com prefeitos do interior do estado.
Um "outsider" também foi citado em reunião de Flávio com presidentes de diretórios regionais do PL, realizada nesta terça: o secretário de Polícia Civil do Rio, o delegado Felipe Cury. Um dos responsáveis pela operação mais letal da história do Rio, que deixou 121 mortos em outubro, ele é considerado um nome ascendente em pesquisas internas e, na avaliação da Executiva Nacional da sigla, poderia fazer uma boa "dobradinha" com o governador Claudio Castro, possível ocupante da outra vaga na chapa.
A reportagem procurou todos os citados. Jordy confirmou ter colocado o nome à disposição do PL para concorrer ao Senado.
— Deixei claro ao partido que aceito o desafio. Estou à disposição para o Senado e para apoiar o Flávio à Presidência — afirmou.
Hélio Lopes disse que via com bons olhos a possibilidade, mas negou já ter conversado sobre a vaga. Altineu, Sóstenes e Felipe Cury não se manifestaram. Na terça-feira,Flávio afirmou que a empreitada presidencial é "irreversível".
Vetos a alianças com a esquerda
Aos presidentes dos diretórios estaduais do PL, Flávio pediu que os correligionários "demonstrassem unidade" às suas bases e reforçassem que a escolha partiu de Bolsonaro. O senador disse que encara o desafio como "missão" e reforçou que não serão aceitas dissidências.
Também foi dito que o PL não permitirá alianças com partidos de esquerda nas eleições do ano que vem. Uma resolução publicada pelo partido em 2024 já vedava a prática. O que se viu nas eleições municipais do ano passado, no entanto, foi uma série de alianças com partidos que integram a base governista. Em cidades do Ceará, Maranhão e Bahia, por exemplo, o PL chegou a dividir palanques com o PT. Por fim, os dirigentes regionais ouviram que a bancada do partido no Congresso estava mobilizada para aproveitar, mais do que nunca, as sessões da CPI do INSS como flanco para desgaste dos governistas, ao associar as fraudes no instituto à gestão petista.
Mais cedo, Flávio disse que, em reunião com os presidentes do União Brasil, Antônio Rueda, e do PP, Ciro Nogueira (PI), na noite desta segunda-feira, os dirigentes partidários colocaram dúvidas sobre a capacidade de "tração" da sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2026. Ele argumentou, porém, que seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, reforçou nesta terça-feira que sua entrada na disputa eleitoral é "irreversível".
O parlamentar negou mal-estar com aliados do Centrão, devido ao fato de o anúncio da sua pré-candidatura ter sido feito sem aviso prévio a essas lideranças políticas e reforçou que dependerá do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para que seu nome tenha sucesso nas urnas.
— Sobre a reunião de ontem, foi positiva. Minha relação com Ciro, Rueda e outros nomes é muito boa. Eles se preocuparam com o meu nome, com base em pesquisas, de eu não tracionar. Meu nome está tracionado. Reforcei a eles que minha candidatura é irreversível, apresentei novos números de pesquisas, e ouvi a mesma mensagem do meu pai, Jair Bolsonaro (PL), na visita de hoje: é um movimento irreversível — disse Flávio após visitar o pai, que está preso na Superintendência Regional da Polícia Federal em Brasília.
O senador disse que o projeto só irá à frente com a ajuda de dois aliados: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que era tido como favorito para representar Bolsonaro nas eleições do ano que vem, e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), com quem protagonizou embates públicos na última semana.
Flávio disse também ter "se tratado de uma confusão", a fala do último domingo, quando disse que a retirada do seu nome do páreo "tinha um preço". Na ocasião, o senador indicou que o preço a ser pago seria a aprovação da anistia aos condenados pela tentativa de golpe de Estado, o que livraria Jair Bolsonaro. O ex-presidente está preso em Brasília após ter sido condenado a 27 anos e três meses de prisão no processo da trama golpista.
— Foi um mal entendido. Eu quis dizer que meu preço era Jair Bolsonaro livre e nas urnas. Ou seja: não tem preço — retificou.
