Bateria de silício-carbono também estufa? Saiba qual é a real durabilidade
A tecnologia de silício-carbono tem chegado a cada vez mais celulares, já que é uma solução capaz de aumentar a capacidade de carga, sem tornar o smartphone mais grosso. No entanto, os novos componentes também têm algumas diferenças em termos de durabilidade, o que pode ser explicado por meio do próprio funcionamento das células. Quer cuidar melhor da bateria do seu celular? Veja estas dicas de especialistas O celular sem sinal de operadora gasta mais bateria? Por que uma bateria estufa? 📱 Veja as melhores promoções de hoje no WhatsApp do CT Ofertas Em geral, baterias de celular com o padrão de íons de lítio (ou seja, de grande parte dos aparelhos atuais) podem inchar por duas razões principais. Uma delas é relativamente comum, por meio da expansão e contração térmica reversível, que ocorre quando as baterias aquecem e esfriam. Esse efeito é tipicamente menor, previsível em escala e tempo, e relativamente fácil de acomodar no design do produto, como ao projetar uma tolerância de volume no compartimento da bateria. Trata-se de algo considerado normal no funcionamento de uma bateria. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Bateria estufada pode representar perigo (Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons) No entanto, a segunda razão é mais perigosa: trata-se da expansão irreversível, que é menos previsível em sua escala e tempo. Ela costuma ocorrer como resultado de um mecanismo de degradação. Afinal, componentes de íons de lítio utilizam uma reação química para gerar energia. Conforme a bateria envelhece, essa reação deixa de ser executada perfeitamente, o que pode resultar na formação de gás (chamado de desgaseificação), provocando o inchaço. Outras causas comuns para a desgaseificação incluem lacunas introduzidas durante o processo de fabricação, sobrecarga e temperaturas excessivas, que podem levar a reações químicas indesejadas dentro da célula. Desafios do Silício O silício, material usado como ânodo (o polo negativo da bateria) em componentes de nova geração, apresenta altos níveis de expansão, mesmo em seu funcionamento normal. O inchaço ocorre durante a "litiação", que é a absorção de lítio pelo silício. Segundo artigo publicado no Journal of Energy Storage em 2023, a expansão do volume do silício é extrema, variando de 280% até 320% — devido a isso, versões iniciais das baterias de silício duravam apenas cerca de 100 ciclos. Afinal, o inchaço volumétrico cíclico (expansão e contração) resulta em diversos problemas de desempenho e durabilidade, com desgastes mecânicos aos eletrodos e aumento da resistência interna da bateria. Baterias de silício-carbono apresentam maior durabilidade (Imagem: Divulgação/Honor) Por isso, grande parte das baterias atuais usa uma mistura de silício e grafite, em que a forma de carbono ajuda a mitigar os problemas de inchaço. Segundo publicação no International Journal of Research Publication and Reviews em 2025, a expansão do grafite tradicional é bem menor, próxima a 10%. Uma célula de silício-carbono bem projetada pode limitar o estufamento a apenas 10 a 20%, dependendo do teor de silício. Portanto, não é o mesmo tipo de inchaço percebido nas falhas evidentes das baterias tradicionais. Além disso, o carbono também melhora a condutividade elétrica, garantindo um melhor fluxo de íons de lítio para maior eficiência. Qual é a durabilidade de uma bateria de silício-carbono? A incorporação de grafite em ânodos compósitos de silício-grafite é essencial para a durabilidade da bateria. Afinal, o material ameniza a degradação causada pela mudança de volume do silício, que, isoladamente, sofreria pulverização e rachaduras. De acordo com a Group14, fornecedora de baterias de silício-carbono para marcas como a Honor, as tecnologias mais recentes permitem atingir até 1.500 ciclos de carga — ou seja, mais de quatro anos enquanto se carrega uma vez por dia. No entanto, com capacidades mais altas, é esperado que estes ciclos se tornem mais espaçados, o que também é considerado positivo para a vida útil da bateria. Em alguns casos, é possível superar 3.000 ciclos, contra os cerca de 1.000 ciclos considerados como padrão para baterias de íon-lítio de alto desempenho. O que fazer com uma bateria estufada Caso uma bateria estufe, é preciso agir rápido. Afinal, o aparelho já está em uma fase bastante volátil, com risco de fogo e explosões. Veja abaixo as principais recomendações para esses casos: Desligue imediatamente o dispositivo; Desconecte carregadores, power banks e acessórios; Não continue usando o aparelho; Leve o dispositivo para área bem ventilada e longe de materiais inflamáveis; Coloque o aparelho sobre material resistente ao fogo, como uma bandeja metálica, piso de concreto ou balde com areia seca; Evitar ações perigosas: nunca perfurar, dobrar ou achatar a bateria; Contatar assistência técnica autorizada ou adquirir bateria original com instalação técnica adequada; Nunca descartar baterias estufadas no lixo doméstico ou reciclagem comum; Levar a bateria a um ponto autorizado de descarte de lixo eletrônico ou resíduos perigosos. Leia mais no Canaltech: Por que a bateria do celular ainda é o maior desafio da tecnologia Brasil perde R$ 4 bilhões por causa de "celulares piratas"; entenda Ativar o modo avião ao carregar o celular realmente funciona? Leia a matéria no Canaltech.
