Após declaração polêmica sobre Belém, chanceler da Alemanha diz não ter encontrado ‘pão decente’ em Angola

 

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Dias após fazer uma comparação depreciativa entre Brasil e Alemanha e dizer que estava feliz em ir embora de Belém, o chanceler alemão, Friedrich Merz, afirmou que não encontrou “um pedaço de pão decente” em sua viagem recente a Angola, onde participou da cúpula entre líderes da União Europeia e da União Africana. Durante visita a uma padaria em Hamburgo, no norte da Alemanha, na terça-feira, ele disse:

— A gente percebe mesmo o quanto aprecia o pão alemão quando está no exterior. Ontem de manhã (segunda-feira), no buffet de café da manhã em Luanda, procurei um pedaço de pão decente e não encontrei.

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A fala foi feita poucos dias depois de Merz afirmar, após sua passagem por Belém para a COP30, que ficou contente por deixar a cidade amazônica — o que gerou forte reação de autoridades brasileiras e críticas da oposição alemã. Diante da repercussão negativa, Merz aproveitou uma reunião bilateral no G20 para dizer ao presidente Lula que não quis ofender os brasileiros, mas não chegou a pedir desculpas.

— Senhoras e senhores, nós vivemos em um dos países mais bonitos do mundo. Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada: ‘Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’. Ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, na noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos — disse ele em 13 de novembro.

Em resposta, o prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), classificou a fala como “arrogante e preconceituosa”. O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), afirmou ser “curioso ver quem ajudou a aquecer o planeta estranhar o calor da Amazônia”. Lula, por sua vez, disse que Merz “deveria ter ido a um boteco, dançado e provado a culinária do Pará” para entender “a generosidade e a qualidade do povo paraense”.

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Pouco depois, o porta-voz do governo alemão, Steffan Kornelius, afirmou que o chanceler não iria se desculpar por falas sobre Belém — e que não via danos entre as relações entre o Brasil e a Alemanha. Kornelius sustentou que a interpretação de que Merz teria demonstrado “desagrado” ou “repulsa” por Belém é equivocada e que a fala do chanceler foi “tirada de contexto”. Segundo ele, Merz se referia ao cansaço da delegação depois de um voo noturno e um dia de agenda extensa na capital paraense.

Na segunda-feira, porém, Merz declarou que pretende conhecer melhor Belém quando visitar a cidade novamente. Em publicação no X, ele disse que buscará explorar “desde os passos de dança à gastronomia local e à floresta tropical”, e que espera “fortalecer ainda mais” a relação de “parceria e amizade” com o Brasil.