Após breve período de recuperação, nível de mananciais volta a cair em São Paulo
O nível dos mananciais de abastecimento de água em São Paulo voltou a entrar em queda após um breve período de recuperação.
Depois a situação bater um recorde negativo no início do mês, com o pior nível em dez anos, as represas estavam se recuperando, mas começaram a se esvaziar de novo na última semana. A reversão de tendência precipitou a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) a pedir moderação no consumo de água.
Em 8 de dezembro, menos de um quarto do sistema (24,6%) integrado metropolitano de mananciais estava disponível. Com algumas chuvas depois disso, voltaram a se encher e chegaram a 27,3%, mas já faz uma semana que o volume útil agregada das represas está caindo todo dia.
Agora, o nível está em 26,5%, e em tendência de redução de novo.
O que reverteu a tendência de melhora foi a onda de calor que se abateu sobre a região metropolita, aumentando o consumo de água em 60%, segundo a Sabesp.
O fenômeno que provoca as altas temperaturas, além disso, é um massa de ar a alta pressão que estacionou na Grande São Paulo e bloqueia a entrada de nuvens, reduzindo as chuvas nas áreas de mananciais.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), há previsão de chuva para essa sexta-feira (27), inclusive com risco de temporais, mas é difícil saber o quanto essa frente de instabilidade servirá para reabastecer as represas. A onda de calor deve durar pelo menos até dia segunda-feira (29).
O Sistema Cantareira, a rede interligada de represas ao norte da Grande São Paulo, que fornece mais da metade da água consumida na cidade, está em 20,4% do volume útil. Se o sistema chegar a 0%, o que ainda está um pouco distante, a água restante nele perde a capacidade de transporte por gravidade.
Desde agosto o governo do estado determinou a redução da pressão noturna da água na região metropolitana para tentar preservar os mananciais. Entre os dias 27 de agosto e 21 de setembro, a redução da pressão ocorreu por oito horas. Depois disso, o horário foi ampliado para dez horas, com início às 19h e término às 5h.
"O Governo de São Paulo pede para que as pessoas façam uso consciente da água, tomando banhos mais rápidos e evitando desperdícios e o uso para fins não essenciais, como encher piscinas ou lavar calçadas e carros", disse o governo em comunicado. "O uso da água deve ser priorizado para alimentação e higiene pessoal."
A situação de restrição, por enquanto, não foi prorrogada para além de dezembro.
Quem determina se a operação de despressurização e a campanha para redução do consumo deve continuar em janeiro é a Agência de Águas do Estado de São Paulo, que não emitiu comunicado nesta semana ainda. Com o Cantareira em Faixa de Restrição, a Sabesp só pode retirar do sistema até 23 metros cúbicos por segundo (m³/s) de água.
A estiagem, de todo modo, deve continuar.
— Com relação a chuvas para a região Sudeste, o que os modelos de clima indicam é que a gente vai ter precipitação de até 100 mm abaixo da média em janeiro e fevereiro — afirmou Melk Duarte, meteorologista do Inmet.
