A fórmula da juventude de Serginho Groisman tem rejuvenescido outras pessoas; saiba como funciona
Todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite, já cantavam Lulu Santos e o grupo Cidade Negra há tempos. Não poucas vezes, eu espero sentada mesmo, no sofá de casa. Faz anos que um dos melhores programas da TV, o “Altas horas’’, é um deleite. E o da última semana, que festejava os 25 anos da atração na Globo, foi lindo, com a presença de Caetano Veloso, sua família e seus amigos. Mas faço menção especial ao anfitrião, o senhor Serginho Groisman. Eu o acompanho como telespectadora desde os tempos de “Matéria prima’’, que ele apresentava na TV Cultura. Também fui fã do “Programa livre’’, no SBT, onde estive na plateia, com um grupo de amigos do colégio, lá na década de 90. Éramos adolescentes. E, apesar de o tempo ter passado, continuar vendo o que o apresentador tem feito desde então mantém viva a minha jovem interior. Serginho mesmo é muito mais jovem do que vários caras de 18, 25, 30 ou 40 anos.
Gente de todas as idades deveria prestar atenção nele. Só acho. Porque, apesar de o nosso corpo todo mudar com a maturidade, é a nossa cabeça que comanda grande parte das coisas. E a de Serginho reverencia o passado com respeito, sem deixar de olhar para o futuro. Ele sempre foi e segue antenadíssimo com o que está acontecendo no mundo, o que garante à sua figura e ao seu programa o frescor necessário para manter a fidelidade de suas plateias há tantas décadas e, melhor ainda, conquistar novos fãs.
Ninguém promove reuniões na TV como ele. Especialmente as musicais. Desde sempre, o apresentador junta no seu estúdio artistas que não necessariamente dariam liga fora dali. Presto atenção nisso: um cantor ou ator compartilhando o mesmo espaço com colegas, ouvindo o que a outra personalidade tem a dizer ou a cantar, mesmo que, eventualmente, a afinidade entre eles não seja óbvia ou até inexista. Admiro o talento do Serginho de agregar pessoas, propiciar encontros onde todo mundo sai melhor, mais feliz. Em tempos de país dividido, da dificuldade de conviver com o diferente de nós, seu mérito é ainda maior. Ele é aquele tipo de cara que dá uma festa e, se você não é convidado, se chateia. Eu queria ser amiga do Serginho.
Du-vi-do que qualquer cantor ou cantora deste país não queira estar naquele palco, independentemente de gênero musical. Outro dia, um ousou reclamar do apresentador na internet e foi atacado. Errou feio. Qual outro programa dá espaço hoje para que intérpretes cantem ao vivo, apresentem-se acompanhados de suas bandas, sempre citadas e prestigiadas, inclusive? É um prazer para quem participa e para quem assiste. Sem falar nas homenagens prestadas. Tantos nomes que já embalaram momentos importantes da vida de todo mundo, fizeram sucesso estrondoso e hoje nem sempre são reconhecidos como deveriam. No “Altas horas’’, eles são lembrados, aplaudidos e vistos pelas novas gerações. É assim que se mantém e se constrói história, memória. Serginho sabe disso.
Recentemente, a Globo inaugurou nos Estúdios Globo, no Rio, sua calçada da fama, reverenciando grandes nomes que ajudaram a construir esses 60 anos de emissora. O apresentador, merecidamente, estava entre os homenageados. Inicialmente, confesso que me causou certa estranheza vê-lo entre outros veteranos. Eu não lembrava que ele tinha 75 anos. Já se encaixa na tal da terceira idade, ou “melhor idade’’ como andam dizendo por aí. Mas não sei se ele se toca disso. A idade pouco importa perto de tudo o que esse jovem senhor faz. Serginho Groisman é vida inteligente. Na madrugada ou em qualquer tempo.
Gabriela Germano é editora-assistente e atua na área de cultura e entretenimento desde 2002. É pós-graduada em Jornalismo Cultural pela Uerj e graduada pela Unesp. Sugestões de temas e opiniões são bem-vindas. Instagram: @gabigermano E-mail: gabriela.germano@extra.inf.br
