Youtuber expulso da UnB por gravar aulas e expor professores se matricula em universidade de Goiás e promete retomar gravações

 

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Depois de a Universidade de Brasília (UnB) decidir expulsá-lo por gravar aulas sem autorização, expondo e debochando de professores, o youtuber Wilker Leão anunciou ter se matriculado no curso de História da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Nos últimos meses, ele foi alvo de processo disciplinar da instituição da capital federal por suas divulgações na internet das alegadas "desavenças de pensamento ideológico".

O youtuber está matriculado no novo curso desde agosto deste ano. A instituição confirmou o vínculo ao portal Uol. Ele ingressou na UEG por meio do Edital Minha Vaga, na modalidade Portador de Diploma, voltada a candidatos que já concluíram a graduação. Em vídeo no Instagram, Wilker relembrou sua expulsão da UnB, que classificou como "perseguição", e prometeu retomar as gravações.

— A gente vai mostrar simplesmente a realidade como sempre, mostrando aqui o meu rosto, sem expor ninguém mais, porque a gente quer saber o que acontece com o nosso dinheiro gasto nessas instituições públicas — disse o youtuber.

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Wilker foi expulso pela UnB no mês passado, após ser condenado a dois anos e três meses de detenção por difamação e injúria contra um professor. Ele está impedido de fazer novas matrículas por lá. Em dezembro de 2024, Wilker foi afastado pela primeira vez da universidade por gravar aulas sem o consentimento dos professores, enquanto contestava os ensinamentos dentro de sala.

Aluno do curso de História, ele publicava os vídeos em suas redes sociais alegando "doutrinação de esquerda" na faculdade. Nas imagens, era possível ver professores e colegas expostos, enquanto o youtuber os satirizava. Ele voltou a ser suspenso em março deste ano.

Docentes e estudantes que estiveram em sala com o youtuber relatam que os vídeos foram editados e as falas distorcidas para o canal. O professor de História da África Estevam Thompson entrou com uma queixa-crime contra o youtuber, que acabou condenado.

“Embora por vezes ele tente, em seus vídeos, passar uma imagem calma e respeitosa, fora das filmagens ele se comporta de forma cínica e provocadora, desrespeitando e ameaçando quem não concorda com seus métodos e objetivos. WLS distorce as falas, inverte contextos e dá interpretações completamente equivocadas sobre o que está sendo dito, seja por ignorância, seja por má-fé”, disse Estevam ao site Metrópoles, na época.

Outra professora chegou a registrar boletim de ocorrência por difamação após seus filhos menores de idade encontrarem os vídeos com dezenas de "comentários de ódio". Na época, a Polícia Civil do Distrito Federal comunicou que a "ocorrência foi registrada via Delegacia Eletrônica e encaminhada à 2ª DP, que está investigando o que foi narrado", segundo o portal.

O youtuber ganhou notoriedade nacional em agosto de 2022 ao chamar o ex-presidente Jair Bolsonaro de "tchutchuca do centrão". Bolsonaro chegou a agarrar a camisa de Wilker e tentou tirar o celular de suas mãos, após ser provocado durante conversa com apoiadores. Além do apelido, o youtuber questionava medidas tomadas pelo então presidente.

Confusão entre Jair Bolsonaro e Wilker Leão

Reprodução/G1

Antes do embate com Bolsonaro, Wilker já havia sido derrubado no chão por apoiadores do ex-presidente. O influencer costumava ir à saída do Alvorada para gravar vídeos nos quais provocava a militância. Em uma das ocasiões, Wilker discutiu com o Bolsonaro após questioná-lo sobre declarações a respeito da realidade de cabos e soldados do Exército nos quartéis.