Vida marinha prospera sobre bombas nazistas não detonadas na Segunda Guerra

 

Fonte:


A vida marinha está prosperando sobre bombas nazistas não detonadas no fundo de uma baía alemã. Esta foi a descoberta de um submersível, que chegou a capturar imagens de estrelas-do-mar rastejando sobre um enorme pedaço de TNT. Reveladas em um estudo publicado nesta quinta-feira, as informações foram "um daqueles raros, mas notáveis, momentos de eureka", disse o biólogo marinho Andrey Vedenin à AFP. Estima-se que as águas da costa da Alemanha estejam repletas de 1,6 milhão de toneladas de munições não detonadas deixadas para trás pelas duas guerras mundiais.

Vídeos: bombas e tanques da Segunda Guerra explodem durante incêndio na Inglaterra

Hong Kong: descoberta de bomba da Segunda Guerra Mundial em canteiro de obras força retirada de 6 mil moradores

Entre rifles e jipes: conheça o naufrágio da Segunda Guerra que hoje é destino turístico no Mar Vermelho; vídeo

Em outubro do ano passado, uma equipe de cientistas alemães foi a um depósito de lixo até então desconhecido na Baía de Lübeck, no Mar Báltico, e enviou um submersível não tripulado 20 metros abaixo do fundo do mar. Eles ficaram surpresos quando as imagens do submarino revelaram dez mísseis de cruzeiro da era nazista. Depois, ficaram atordoados ao ver animais cobrindo a superfície das bombas.

Havia cerca de 40 mil animais por metro quadrado — a maioria vermes marinhos — vivendo das munições, escreveram os cientistas no periódico Communications Earth & Environment. Eles também contaram três espécies de peixes, um caranguejo, anêmonas-do-mar, uma espécie parente das águas-vivas chamada hidroides e muitas estrelas-do-mar.

Enquanto os animais cobriam o invólucro rígido das bombas, eles evitavam principalmente o material explosivo amarelo — exceto em um caso. Os pesquisadores ficaram perplexos ao ver que mais de 40 estrelas-do-mar haviam se amontoado em um pedaço exposto de TNT.

"Parecia muito estranho", disse Vedenin, cientista da Universidade Carl von Ossietzky, na Alemanha, e principal autor do estudo.

Não ficou claro exatamente por que as estrelas-do-mar estavam lá, mas Vedenin teorizou que elas poderiam estar comendo a película bacteriana acumulada no TNT corroído.

A vida nas armas da morte

Os produtos químicos explosivos são altamente tóxicos, mas os animais parecem ter encontrado uma maneira de viver perto deles. Além das estrelas-do-mar desejosas de morte, elas não pareciam estar se comportando de forma estranha.

"Os caranguejos estavam apenas sentados e pegando algo com suas garras", disse Vedenin.

Para descobrir com que tipo de bombas estavam lidando, ele acessou a internet e encontrou um manual da Luftwaffe, a força aérea nazista, descrevendo como manusear e armazenar bombas voadoras V-1. O míssil de cruzeiro correspondia exatamente às 10 bombas da filmagem. Vedenin disse que "há alguma ironia" na descoberta de que essas "coisas que deveriam matar tudo agora estão atraindo tanta vida".

Ele comparou isso à forma como animais como veados agora prosperam em áreas radioativas abandonadas pelos humanos perto do local do desastre nuclear de Chernobyl. As superfícies duras no fundo do mar são importantes para a vida marinha, que quer mais do que lama e areia. Antigamente, os animais se aglomeravam em grandes rochas que cobriam o Mar Báltico. No entanto, os humanos removeram as pedras para construir infraestrutura, como estradas, no início do século XX.

Então, quando as bombas nazistas forem finalmente removidas da baía, os pesquisadores pediram que mais pedras — ou estruturas de concreto — sejam colocadas no lugar para continuar a sustentar a vida marinha. Os cientistas também planejam retornar ao local no mês que vem para instalar uma câmera de lapso de tempo para observar o que as estrelas-do-mar fazem em seguida.