“Vamos continuar nos dedicando às negociações”, diz Marina Silva após incêndio na COP30; plenárias reabrem às 11h desta sexta

 

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A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou na noite desta quinta-feira que o incêndio que atingiu um pavilhão da Blue Zone da COP30, em Belém, não interromperá o curso das negociações multilaterais. Segundo ela, o trabalho será retomado às 11h desta sexta-feira, após liberação técnica do Corpo de Bombeiros. “Vamos continuar nos dedicando à substância através dos processos de negociação”, disse. “O trabalho não para, estamos aqui.”

— Uma vez tendo acontecido, é muito importante que fique evidente, como ficou, que havia uma equipe preparada para dar resposta, como foi dada, apagando o incêndio. Poderia ter uma proporção incomparavelmente maior em seis minutos — pontuou.

A ministra do Meio Ambiente também evitou prever se a COP30 terminará de fato nesta sexta-feira, como estava previsto inicialmente.

— As COPs, elas já por si mesmas não terminam nas datas marcadas. E, como disse a secretária da Assembleia Geral das Nações Unidas, COPs não são lineares. Então, com certeza, se for necessário termos mais tempo para o debate, o tema justifica qualquer tempo a mais em função da importância que ele tem.

Marina disse que as conversas com outros países seguem ocorrendo paralelamente aos trabalhos técnicos, apesar da interrupção momentânea causada pelo incêndio. Ela citou reuniões bilaterais e articulações multilaterais sobre temas como adaptação, financiamento, indicadores e sinergias entre as convenções climáticas.

A ministra lembrou o apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deixou Belém na quarta-feira, para que os países avancem simultaneamente em adaptação e mitigação. Segundo ela, os relatos de representantes de pequenas ilhas, que enfrentam riscos existenciais decorrentes do aumento do nível do mar, reforçam a urgência do debate.

A organização da COP30 informou que 21 pessoas receberam atendimento médico, a maioria por inalação de fumaça. Nove seguem internadas, e as demais foram liberadas após avaliação. A UNFCCC destacou que o fogo foi controlado em cerca de seis minutos e que todos os participantes foram evacuados com segurança.

O governo do Pará informou que o incêndio pode ter começado após um curto-circuito em um aparelho de micro-ondas, hipótese ainda sob apuração. Já o ministro do Turismo, Celso Sabino, disse ter recebido imagens que sugerem que o foco inicial teria ocorrido em uma régua onde um celular carregava. Segundo ele, o fogo foi contido pelos bombeiros civis do evento, treinados e equipados com grande número de extintores.

O coordenador do Observatório do Clima, Claudio Angelo, classificou o episódio como inédito na Convenção do Clima — nunca uma Zona Azul havia registrado incêndio em 30 anos de conferência. Com a área afetada agora sob autoridade brasileira, a UNFCCC informou que o trecho atingido permanecerá isolado até nova avaliação.