Ucrânia diz ter atingido submarino russo em porto do Mar Negro usando drones subaquáticos; vídeo
A Ucrânia afirmou nesta segunda-feira que realizou um ataque inédito contra um submarino russo no porto de Novorossiysk, no Mar Negro, provocando danos considerados críticos à embarcação e retirando-a de operação. Segundo o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU), a ação foi conduzida com drones subaquáticos conhecidos como “Sub Sea Baby” e representou a primeira ofensiva desse tipo contra um alvo naval russo. Imagens divulgadas pelo SBU mostram uma grande explosão na área portuária.
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“Como resultado da explosão, o submarino sofreu danos críticos e foi efetivamente retirado de ação”, afirmou a agência. A Rússia reconheceu que houve uma tentativa de ataque, mas negou qualquer dano às suas embarcações. “A tentativa do inimigo de realizar sabotagem usando um veículo subaquático não tripulado não alcançou seus objetivos”, declarou Alexei Rulev, chefe do serviço de imprensa da Frota do Mar Negro, segundo a mídia estatal russa. Ele também negou que um submarino tenha sido destruído na base naval de Novorossiysk.
De acordo com o SBU, o alvo seria um submarino da classe Kilo, empregado pelo Kremlin no lançamento de mísseis de cruzeiro Kalibr — armamento usado repetidamente ao longo da guerra para atacar cidades ucranianas.
A agência destacou ainda que o modelo é apelidado de “Buraco Negro” por sua capacidade de absorver ondas sonoras e dificultar a detecção por sonar. Cada unidade desse tipo custa cerca de US$ 400 milhões (cerca de R$ 2,16 bilhões), valor que poderia chegar a US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,7 bilhões) em razão das sanções internacionais que afetam o acesso da Rússia a componentes tecnológicos.
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O serviço de inteligência ucraniano acrescentou que o submarino permanecia no porto desde ataques anteriores com drones marítimos, que levaram Moscou a retirar parte de sua frota da baía de Sevastopol, na Crimeia ocupada.
O ataque ocorreu em meio a uma intensificação dos esforços diplomáticos para encerrar a guerra. Nesta segunda-feira, representantes dos Estados Unidos e da Ucrânia concluíram em Berlim o segundo dia de negociações. Em entrevista coletiva na capital alemã, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que Kiev precisa ter garantias claras de segurança antes de qualquer decisão sobre linhas de frente em um eventual acordo de paz.
“Isso é realmente a base das garantias de segurança, porque a questão é: quem fará o monitoramento? Que sanções serão aplicadas se as missões de monitoramento forem interrompidas?”, disse Zelensky, ao defender mecanismos de fiscalização de um eventual cessar-fogo.
Ao lado do chanceler alemão Friedrich Merz, o presidente ucraniano ouviu a avaliação de que os Estados Unidos teriam oferecido garantias relevantes. “O que os EUA ofereceram aqui em termos de garantias materiais e legais é realmente significativo”, afirmou Merz, sem detalhar o conteúdo das propostas. Mais tarde, após encontro com outros líderes europeus, o chanceler alemão demonstrou otimismo e escreveu na rede X: “Pela primeira vez desde o início da guerra, um cessar-fogo agora parece possível”.
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Os líderes europeus concordaram em apoiar a criação de uma força multinacional liderada pela Europa, com apoio dos Estados Unidos, como parte de garantias de segurança consideradas robustas. Em declaração conjunta, afirmaram que a força ajudaria na reconstrução das capacidades militares da Ucrânia, na proteção do espaço aéreo e na segurança marítima.
O grupo também anunciou a criação de “um mecanismo de monitoramento e verificação do cessar-fogo liderado pelos EUA”, com participação internacional, para fornecer alertas antecipados sobre eventuais novos ataques russos. Os países se comprometeram ainda com apoio “sustentado e significativo” a Kiev e defenderam garantias juridicamente vinculantes em caso de futuras agressões.
Em publicação nas redes sociais, Zelensky elogiou um encontro recente com o enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, e com Jared Kushner. Sem entrar em detalhes, afirmou que versões anteriores de propostas de paz continham pontos problemáticos.
“É importante que eles não estejam mais presentes nas novas versões dos documentos”, escreveu. “Isso importa, porque dignidade importa.”
O presidente ucraniano acrescentou que há divergências profundas com Moscou sobre o futuro dos territórios ocupados e defendeu que o tema seja tratado de forma aberta. “Acredito que o lado americano, atuando como mediador, proporá vários passos para tentar encontrar ao menos alguma forma de consenso”, afirmou.
