Trump anuncia acordo de cessar-fogo para Gaza, diz que 'reféns serão libertados' e que Israel iniciará retirada de tropas

 

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O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira um acordo entre Israel e Hamas sobre seu plano para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, primeira fase de seu plano de paz, após três dias de negociações no Egito, e após avanços consideráveis entre os dois lados. A expectativa é de que ele viaje à região nos próximos dias para a assinatura

"Tenho muito orgulho em anunciar que Israel e o Hamas assinaram a primeira fase do nosso Plano de Paz. Isso significa que TODOS os reféns serão libertados em breve e Israel retirará suas tropas para uma linha acordada, como os primeiros passos em direção a uma paz forte, duradoura e duradoura. Todas as partes serão tratadas com justiça!", escreveu Trump em sua rede, o Truth Social. "Este é um GRANDE Dia para o Mundo Árabe e Muçulmano, para Israel, para todas as nações vizinhas e para os Estados Unidos da América, e agradecemos aos mediadores do Catar, Egito e Turquia, que trabalharam conosco para que este Evento Histórico e Sem Precedentes acontecesse. ABENÇOADOS OS PACIFICADORES!"

Nas horas que antecederam o anúncio, mediadores e representantes de Israel e Hamas davam sinais de que obstáculos importantes estavam sendo superados. Conforme relatou o New York Times, o grupo palestino poderia aceitar um desarmamento parcial de suas forças em Gaza, exigindo em troca algum tipo de garantia vinda de Trump de que Israel não retomará a guerra. Pelo plano do presidente americano, o grupo deveria entregar todos seus armamentos e não participar de uma futura administração do enclave, mas suas lideranças diziam que isso está fora de cogitação.

— O Hamas pode estar disposto a abrir mão de algumas armas, mas não ficará sem elas completamente —disse ao The Times o oficial aposentado da inteligência israelense Adi Rotem, que participou de negociações com o grupo palestino até 2024. — As armas são uma parte essencial do DNA do Hamas.

As fontes ouvidas pelo jornal americano não detalharam o tipo das armas que o Hamas estaria disposto a manter em seu poder, mas sugeriram que seriam itens como pistolas e rifles para proteção de seus membros contra futuras represálias internas. O grupo não se pronunciou sobre a alegação.

Outro passo concreto foi a entrega, por parte do Hamas, da lista de prisioneiros que devem ser libertados como parte do acordo. Ao todo, são 250 pessoas condenadas à prisão perpétua e outras 1,7 mil detidas em Gaza desde outubro de 2023.

Segundo a agência Reuters, os nomes de Marwan Barghouti, um líder histórico do Fatah (que controla a Autoridade Nacional Palestina), e de Ahmad Sa’adat, chefe da Frente Popular pela Libertação da Palestina, ambos presos desde 2002, foram incluídos na lista, mas dificilmente devem ser libertados por Israel.

Por outro lado, fontes israelenses próximas às conversas indicaram à CNN que o Hamas pode não ser capaz de cumprir um dos pontos do plano: a entrega dos restos mortais de todos 28 reféns que morreram após sua captura em outubro de 2023, quando o grupo atacou Israel, deixando quase 1,2 mil mortos e dando início à guerra.

Segundo a CNN, o grupo não sabe onde estão os corpos de ao menos 15 dos reféns — alguns estariam enterrados sob toneladas de concreto em prédios ou túneis destruídos pelos bombardeios. Há ao menos 20 reféns vivos em cativeiro, que devem retornar a Israel assim que um acordo for firmado, e o grupo afirmou nesta quarta-feira à rede al-Jazeera que eles voltarão em uma só etapa.

Como esperado, os dois lados, que conversam de forma indireta através da mediação de Catar, Egito e EUA, discutem apenas a primeira fase do plano, voltada à interrupção dos combates, e não tratam das etapas seguintes, sobre o futuro de Gaza.

Matéria em atualização