Temporada de nascimentos de tartarugas-da-amazônia no maior berçário do mundo tem 60 mil filhotes nos primeiros dias; veja fotos

 

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A temoprada de nascimentos de tartarugas-da-amazônia, tracajás e outros quelônios no Vale do Guaporé (RO) começou na semana passada com números otimistas, segundo dados do Ibama. Foram registrados 60 mil filhotes nos primeiros dias de eclosão no o Vale do Guaporé (RO), considerado o maior berçário de tartarugas do mundo. O número supera o do ano passado, quando houve redução de 70% por causa da seca, mas ainda não está na média normal.

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Há um ano, a temporada foi marcada por resultados ruins, pois a seca extraordinária que assolou a Amazônia entre 2023 e 2024 afetou o ciclo reprodutivo dos quelônios. As mudanças climáticas são um fator de impacto que vêm sendo estudado. Em 2025, por exemplo, a desova ocorreu de forma tardia, de acordo com as instituições que monitoram e acompanham o Programa Quelônios do Guaporé.

Foram registrados 60 mil filhotes de tartarugas nos primeiros dias da temporada de nascimentos de 2025, no Vale do Guaporé (RO)

DIvulgação / Frank Nery

Os berçários dos filhotes no Vale do Guaporé (RO), considerado o maior nascedouro de quelônios do mundo

DIvulgação / Frank Nery

Segundo o Ibama, o pico de eclosões deve acontecer nas próximas semanas, até o início de janeiro. Depois, os dados coletados serão analisados com maios precisão. No último domingo (14), o Ibama, a Associação Quilombola e Ecológica do Vale do Guaporé (Ecovale) e o Grupo Energisa participaram de um evento que marcou a abertura do período de nascimento, com a soltura dos animais resgatados nos berçários do Vale do Guaporé.

O Vale do Rio Guaporé é considerado o maior berçário de quelônios do mundo. Em um raio de aproximadamente 30 quilômetros, há sete praias que servem de nascedouro — cinco em território brasileiro e duas no lado boliviano — onde tartarugas-da-amazônia, tracajás e outras espécies da região realizam a desova.

Mudanças climáticas

Apesar da melhora em relação ao ano passado, o impacto das mudanças climáticas segue. Neste ano, o nível do Rio Guaporé não baixou no tempo considerado correto e, por isso, não houve muitas faixas de areia disponíveis para que as tartarugas depositassem seus ovos. Esse processo deveria ter começado entre o final de setembro e o início de outubro, mas ocorreu apenas nos dias 21 e 22 de outubro em razão do alto volume de chuvas e das baixas temperaturas registradas no chamado tabuleiro do Guaporé.

O atraso foi de aproximadamente 15 dias, afetando o início da temporada de nascimentos, explicou José Carrate, biólogo do Grupo Energisa.

— As eclosões eram esperadas para o início de dezembro, mas só começaram na segunda quinzena. Por isso, o número de filhotes nascendo está abaixo do previsto para este período.

Mas a expectativa é que o resultado final supere o número de nascimentos de 2024. Apesar do prolongamento dos impactos, foi observada maior concentração nos berçários monitorados pelos programas ambientais.

— Nossa expectativa é não registrar muitas perdas neste ano — afirma o coordenador da Ecovale, José Soares.

Aumentar a população

O objetivo do programa é ampliar o índice de sobrevivência das espécies e garantir a manutenção de uma população de quelônios estável, explica o superintendente estadual do Ibama, César Luiz da Silva.

— O programa é fundamental diante do histórico de consumo e predação humana desses animais, que em anos anteriores os levou à beira da extinção.

Com 39 anos de atuação, o Projeto Quelônios do Guaporé é uma das principais iniciativas voltadas à preservação e à manutenção dessas espécies na região. A ação é realizada pelo Ibama, em parceria com a Associação Quilombola e Ecológica do Vale do Guaporé (Ecovale) e apoio do Grupo Energisa, que, desde 2021, acompanha os impactos ambientais provocados pelas mudanças climáticas na região, por meio do monitoramento em tempo real das variações de chuvas e de períodos de seca, realizado com o apoio de plataformas digitais.