Tailândia anuncia acordo com Camboja para negociar conflito na fronteira
O chanceler da Tailândia, Sihasak Phuangketkeow, afirmou nesta segunda-feira que o Camboja concordou em iniciar ainda nesta semana negociações sobre a disputa na fronteira entre os dois países. O anúncio ocorre após uma reunião regional realizada na Malásia para tentar encerrar os confrontos violentos entre os vizinhos do Sudeste Asiático, deixaram desde o começo deste mês pelo menos 23 mortos na Tailândia e 20 no Camboja. Além disso, mais de 900 mil pessoas foram deslocadas dos dois lados, segundo as autoridades.
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O conflito surge de uma antiga disputa sobre a demarcação da fronteira de cerca de 800 quilômetros, definida durante o período colonial, além de divergências relacionadas a diversos templos antigos localizados ao longo da zona de fronteira.
Segundo o chanceler tailandês, a discussão ocorrerá no âmbito do Comitê Conjunto de Fronteiras (JBC), mecanismo que já existe entre os dois países. Em declarações a jornalistas em Kuala Lumpur, Sihasak disse que a nova rodada de negociações está prevista para a próxima quarta-feira, por proposta da parte cambojana. O anúncio foi feito ao final de uma reunião com a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), da qual o Camboja também é membro.
O Camboja não comentou o anúncio das negociações. Mais cedo, no entanto, o Ministério da Defesa do país informou que os combates foram interrompidos nesta segunda-feira e acusou a Tailândia de lançar projéteis de artilharia. Um civil de nacionalidade chinesa ficou ferido, segundo o Ministério do Interior cambojano. No contexto atual, Sihasak avaliou que a reunião desta semana pode não resultar em uma trégua imediata.
— Nossa posição é que um cessar-fogo não se consegue com um anúncio, e sim com ações — afirmou.
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Malásia convoca reunião
A reunião desta segunda-feira foi convocada pela Malásia, que preside a Asean. No final de outubro, o país havia sediado uma cúpula na qual uma declaração de trégua foi assinada com a mediação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O chanceler tailandês, entretanto, acredita que a decisão de outubro foi apressada.
— Os Estados Unidos queriam que a declaração fosse assinada a tempo para a visita do presidente Trump. Às vezes, realmente precisamos sentar e discutir as coisas para que o que acordemos se mantenha e seja, de fato, respeitado — pontuou Sihasak Phuangketkeow.
A declaração tinha como objetivo prolongar a frágil trégua alcançada após cinco dias de confrontos em julho. Desde então, cada lado passou a culpar o outro por instigar novos confrontos, alegando legítima defesa e fazendo acusações de ataques contra civis.
Ao abrir o encontro da Asean nesta segunda-feira, o chanceler da Malásia, Mohamad Hasan, pediu aos países vizinhos que interrompam os combates e “considerem as ramificações mais amplas da escalada contínua da situação”, que representam riscos para a região.
