Sobe para 146 o número de mortos em incêndio de Hong Kong
O número de mortos no incêndio que devastou um complexo de arranha-céus residenciais em Hong Kong subiu para 146, informou neste domingo (30) um representante da polícia. O número foi atualizado após a inspeção de mais três torres das oito que compõem o complexo residencial Wang Fuk Court, no distrito de Tai Po.
"O balanço atualizado de vítimas fatais chega a 146. Não podemos descartar a possibilidade de mais mortos", declarou o representante da polícia Tsang Shuk-yin em uma entrevista coletiva.
O incêndio começou na tarde de quarta-feira por causas ainda desconhecidas. A polícia especula que o fogo teria iniciado nas redes de proteção que cobriam as obras de reforma do complexo, utilizadas para proteger os moradores da poeira e eventual queda de objetos.
As chamas se propagaram rapidamente para as outras torres, favorecidas, segundo as primeiras hipóteses, pelas redes, pelos painéis de espuma e pelos andaimes de bambu que são utilizados em Hong Kong, em vez dos andaimes de metal.
Três dias de luto
Hong Kong iniciou neste sábado (29) um período de três dias de luto pela morte de 128 pessoas em um complexo de prédios residenciais arrasado pelo pior incêndio em décadas no território.
O chefe do Executivo da região semiautônoma, John Lee, e funcionários do alto escalão guardaram um minuto de silêncio às 8h locais, em frente à sede do governo, onde bandeiras da China e de Hong Kong foram hasteadas a meio mastro devido à tragédia, que também deixou dezenas de desaparecidos.
Pessoas choravam pelas vítimas e depositavam flores perto do conjunto Wang Fuk Court, de oito torres e mais de 1,8 mil apartamentos, localizado no distrito de Tai Po.
O governo habilitou pontos para que o público assinasse livros de condolências. Pessoas percorriam hospitais e centros de identificação de vítimas na esperança de encontrar familiares, uma vez que 89 corpos não puderam ser identificados.
O órgão anticorrupção do território prendeu oito pessoas relacionadas ao incêndio. Investigações preliminares apontam que o fogo começou nos andares inferiores, através de plásticos de proteção que costumam ser usados para cobrir prédios em reforma em Hong Kong. Andaimes de bambu e painéis de espuma "altamente inflamáveis" teriam contribuído para a propagação do incêndio.
O chefe do departamento de bombeiros, Andy Yeung, revelou que os sistemas de alarme dos oito blocos "funcionavam mal", e prometeu tomar medidas contra os contratistas.
O órgão anticorrupção de Hong Kong informou que "consultores, subcontratistas de andaimes e um intermediário do projeto" estavam entre as oito pessoas detidas nesta sexta-feira. Na véspera, outros três homens foram detidos, por suspeita de terem deixado embalagens de espuma no local do incêndio.
Hospitalizados
Dezenas de pessoas continuavam hospitalizadas hoje, 11 delas em estado crítico e 21 em estado grave. Jornalistas da AFP viram socorristas retirando corpos dos escombros carbonizados do Wang Fuk Court, enquanto veículos descarregavam corpos em um necrotério próximo.
"Não descartamos a possibilidade de a polícia encontrar mais restos carbonizados ao entrar no complexo para realizar uma investigação detalhada e colher provas", disse o chefe de segurança do território, Chris Tang.
Diante da busca desesperada das famílias, o governo informou que a polícia ativou um sistema especial de identificação de vítimas de desastres, para localizar os desaparecidos.
Cerca de 800 pessoas receberam abrigo temporário, informou o governo, que já havia anunciado um fundo de US$ 38,5 milhões em ajuda.
Multidões comovidas com a tragédia se mobilizaram em apoio às pessoas afetadas. Postos de fornecimento de roupas, alimentos e artigos para o lar foram montados em uma praça, perto das torres carbonizadas, além de cabines que oferecem atendimento médico e psicológico. Os organizadores informaram que o número de doações recebidas já era suficiente.
