Silveira muda tom sobre Enel, se alinha ao Planalto e reage a cobrança pública de Ricardo Nunes

 

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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, chegou à reunião com o governador Tarcísio de Freitas e o prefeito Ricardo Nunes incomodado com a cobrança pública feita por Nunes ao presidente Lula e adotou um discurso considerado “ensaiado”, numa sinalização clara de alinhamento com o Palácio do Planalto.

O encontro, que durou cerca de duas horas e meia no Palácio dos Bandeirantes, marcou uma mudança radical de postura do ministro em relação à Enel. Diferentemente do tom adotado em crises anteriores, Silveira não saiu em defesa da concessionária e chegou a fazer críticas à atuação da empresa, o que chamou a atenção de integrantes do governo estadual e da prefeitura.

Segundo apuração da CBN, ao longo da reunião o ministro fez questão, em mais de um momento, de ressaltar o papel decisivo do presidente Lula para o encaminhamento das medidas discutidas, tentando vincular diretamente o resultado do encontro à atuação do presidente da República e colocando o Planalto no centro das decisões sobre o futuro da concessão.

Ainda de acordo com pessoas presentes, Silveira disse ao prefeito que considerou desrespeitosa a abordagem feita no evento da última sexta-feira, quando Nunes cobrou diretamente Lula e citou a situação da Enel também em discurso público. Ricardo Nunes respondeu que conversou de forma respeitosa com o governo federal e que tem a obrigação institucional de defender a cidade, mantendo a mesma linha adotada inclusive na conversa privada com o presidente na semana passada.

Apesar do anúncio de que o governo federal vai pedir à Aneel a abertura do processo de caducidade do contrato, estado e prefeitura sabem que a tramitação é longa e pode não ser concluída antes do fim oficial da concessão, previsto para 2028. Nos bastidores, a avaliação é de que a iniciativa funciona como uma “cartada” estratégica para barrar a renovação automática do contrato, já solicitada pela Enel e que, até então, tinha sinalização positiva dentro da agência reguladora.

Enel trabalha para reestabelecer energia para clientes na Grande São Paulo

Divulgação

Interlocutores ouvidos pela CBN afirmam que, independentemente do desfecho jurídico, o movimento já é visto como um ganho político. “Tirar a Enel de São Paulo será um ganho, qualquer que seja o cenário”, resumiu uma fonte envolvida nas articulações.