Sete pessoas são internadas na Bahia por suspeita de intoxicação por metanol; ao menos uma está em estado grave

 

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Sete pessoas foram internadas por suspeita de intoxicação por ingestão de bebida com metanol na Bahia. Cinco pacientes estão no Hospital Geral Santa Tereza em Ribeira do Pombal, município onde ocorreu a ingestão, e os outros dois foram encaminhados para o Instituto Couto Maia, em Salvador. Amostras de sangue foram coletadas e enviadas ao Laboratório do Departamento de Polícia Técnica (DPT), também na capital baiana. Uma das vítimas está intubada em estado grave.

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Segundo a Secretaria de Saúde da Bahia, os exames laboratoriais ainda irão definir se de fato houve intoxicação por metanol. As garrafas apreendidas também foram encaminhadas para análise no Laboratório Central de Polícia Técnica do estado.

Entre as vítimas, cinco mulheres e um homem teriam se intoxicado durante uma comemoração de noivado em Ribeira do Pombal, no último domingo. No evento, eles consumiram um coquetel preparado com vodca, que havia sido comprada em um depósito de bebidas da cidade, conforme informações da TV Bahia, afiliada da Rede Globo.

A outra vítima, também um homem, comprou bebida no mesmo estabelecimento no dia anterior ao noivado. Uma das pessoas internadas foi identificada como Edicleia Andrade de Matos, de 45 anos, esposa do pai da noiva, que está em estado grave, intubada e precisou de hemodiálise. Não há informações sobre o estado de saúde dos outros internados.

De acordo com a Secretaria de Saúde, o estabelecimento que comercializou as bebidas foi interditado. O caso está sendo acompanhado pelas equipes de vigilância à saúde do Estado e do município, em articulação com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia.

No início deste mês, o Ministério da Saúde decidiu encerrar a Sala de Situação criada em outubro para monitorar o surto de intoxicação por metanol. A escalada de casos começou no estado de São Paulo e logo se espalhou para outros locais do país. Até o encerramento, ao todo, 73 pessoas foram diagnosticadas com intoxicação por metanol e 22 morreram entre setembro e dezembro. Mais de 500 suspeitas foram descartadas.

Infográfico mostra os efeitos do metanol no corpo.

Editoria de Arte

O que é metanol?

O metanol é um produto químico usado em produtos industriais e domésticos, como diluentes, anticongelantes, vernizes e até fluidos de fotocopiadora. Assim como o álcool que consumimos na cerveja, no vinho e nos destilados, o metanol é um líquido incolor com cheiro semelhante ao do álcool encontrado normalmente nessas bebidas, mas muito mais barato de produzir. Isso faz com que ele seja utilizado em bebidas adulteradas.

Segundo especialistas, não é possível que o consumidor perceba a adulteração na hora do consumo, dado que seu gosto e efeito é semelhante ao da bebida não adulterada. No entanto, os efeitos prejudiciais de uma bebida contaminada com metanol aparecem apenas horas depois. Alguns dos sintomas mais comuns são confusão mental, visão turva ou perda de visão, forte dor abdominal, náuseas e falta de ar.

Mesmo a ingestão de pequenas quantidades pode ser extremamente prejudicial à saúde e alguns "shots" do composto podem ser fatais. O álcool é metabolizado no fígado. No caso no metanol, este metabolismo cria subprodutos tóxicos chamados formaldeído, formato e ácido fórmico. Eles atacam nervos e órgãos, sendo o cérebro e os olhos os mais vulneráveis, o que pode levar à cegueira, coma e morte.

A toxicidade do metanol está relacionada à dose ingerida e ao organismo. Tal como acontece com o álcool tradicional, quanto menos você pesa, mais você pode ser afetado por uma determinada quantidade.

Normalmente, os efeitos demoram entre 40 minutos e 72 horas para aparecer. Os primeiros sinais são semelhantes ao da intoxicação por álcool e incluem problemas de coordenação, equilíbrio e fala, bem como confusão e vômitos. Ao mesmo tempo, a pressão arterial cai, resultando em uma sensação de tontura e desmaio.

Em fases posteriores – cerca de 18 a 48 horas após a ingestão – o ácido fórmico, que interrompe a produção de energia nas células, faz com que o pH do sangue caia, danificando tecidos e órgãos do corpo. Isso pode causar insuficiência renal, convulsões e até sangramento gastrointestinal.

Devido ao seu rápido efeito no organismo, o início do tratamento deve ser feito assim que houve suspeita da intoxicação por metanol. Em ambiente hospitalar, existem medicamentos que podem ser administrados para tentar limpar o sangue, assim como a aplicação de diálise.

O antídoto para metanol é o álcool (etanol). Isso porque a metabolização do etanol pelo fígado pode ajudar a atrasar o metabolismo do metanol e reduzir seu efeito tóxico no corpo. Mas isso tem de ser feito rapidamente.