'Seguimos unidos' x 'terá que deixar o partido': entenda a briga na chapa de Carlos Bolsonaro em Santa Catarina

 

Fonte:


A movimentação do vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL-RJ) para concorrer ao Senado por Santa Catarina em 2026 gerou um imbróglio com a deputada federal Caroline de Toni (PL-SC) e o governador catarinense, Jorginho Mello (PL), que divergem sobre a montagem da chapa.

Nesta segunda-feira, Carlos afirmou em uma rede social que ele e Carol de Toni estão "unidos pelo mesmo propósito". O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro defende que ele próprio e a deputada sejam os candidatos do PL às duas vagas ao Senado.

A proposta, no entanto, esbarra em um acordo defendido por Jorginho com o atual senador Esperidião Amin (PP-SC), que concorrerá à reeleição. Diante do impasse, a deputada Carol de Toni admite que pode ser "obrigada a sair do partido", de acordo com aliados.

Leia também: STF marca julgamento de denúncia contra Eduardo Bolsonaro por atuação nos EUA para coagir a Corte

A possibilidade de Carol deixar o PL foi mencionada, também nesta segunda-feira, pela deputada estadual catarinense Ana Campagnolo (PL-SC). Campagnolo, que é aliada do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), disse que Carol "ficou sem espaço dentro do PL por causa da chegada de Carlos" ao estado, o que irritou o vereador carioca.

Segundo Campagnolo, o governador de Santa Catarina conversou no domingo com Carol de Toni e "deixou claro que não há mais espaço para Carol (ser) senadora no PL". Por conta disso, ainda de acordo com Campagnolo, a deputada federal iniciou "tratativas com outros partidos".

Pesquisa Quaest: Maioria apoia equiparar facções criminosas a grupos terroristas no Rio; veja os números

Leia também: 72% da população é contra maior facilidade para compra e porte de armas, diz levantamento

Uma das possibilidades é de que Carol de Toni troque o PL pelo Novo, cujos dirigentes partidários já convidaram publicamente a deputada a se filiar à legenda. O GLOBO apurou que Carol vai adiar a decisão para o ano que vem — ela está em fase final de gestação, e espera sua segunda filha —, mas que não pretende recuar da candidatura ao Senado, ainda que o PL lhe negue a vaga. Procurada via assessoria de imprensa, Carol não se manifestou.

Apoiadores da candidatura de Carol, como a deputada Ana Campagnolo, afirmam que o acordo entre a família Bolsonaro, Jorginho Mello e o senador Esperidião de Amin antecede o desejo de Carlos de concorrer ao Senado por Santa Catarina. Por isso, no entendimento desses aliados, a concorrência se dá entre dois nomes do PL, Carlos e Carol, por uma única vaga.

O vereador carioca, por sua vez, afirmou na semana passada que ele e Carol de Toni são os "pré-candidatos ao Senado em Santa Catarina de Jair Bolsonaro". Nesta segunda-feira, em meio à escalada da divergências no PL catarinense, Carlos disse ter conversado com Carol e reafirmou a dobradinha com a deputada federal:

"Seguimos unidos pelo mesmo propósito, conforme determina minha consciência e com apoio do meu pai preso e impossibilitado de se expressar e se comunicar", escreveu Carlos em uma rede social.

A candidatura de Carol de Toni ao Senado já angariou outros apoios dentro família Bolsonaro. A ex-primeira-dama Michelle mostrou ser favorável à presença de Carol na chapa do partido, como mostrou o GLOBO no início de outubro. Na semana passada, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou correligionários que, segundo ele, tentavam "colocá-la (Carol) contra Carlos"; posteriormente, ele frisou que é favorável a uma chapa com o irmão e a deputada do PL.

Já o governador Jorginho Mello, que disputará a reeleição em 2026, tenta montar uma aliança partidária ampla para sua campanha, e por isso não é entusiasta de uma chapa com três nomes do PL nas principais vagas. Em entrevistas recentes, Jorginho sinalizou que a candidatura de Esperidião Amin tem apoio de Bolsonaro e da cúpula do PL, e também afirmou que a vaga de vice-governador ficaria com o MDB — fechando a porta para uma eventual alocação de Carol de Toni nesse posto.

O governador catarinense visitou Bolsonaro em Brasília há duas semanas. Ele foi autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes a comparecer à residência do ex-presidente, que cumpre prisão domiciliar e, por isso, não tem se manifestado publicamente.