Secretário de Estado dos EUA afirma que recusa do Hamas em se desarmar viola acordo em Gaza e forçaria 'imposição'

 

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O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou nesta sexta-feira que uma recusa do Hamas em se desarmar configuraria uma violação do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, o que resultaria na necessidade de se "impor" a desmilitarização do grupo. A fala do responsável por chefiar a diplomacia americana ocorreu durante uma visita oficial ao Estado judeu, que nos últimos dias recebeu uma série de representantes de Washington, que monitora de perto as medidas para implementação dos termos vigentes. O representante americano também voltou a classificar o plano de anexação da Cisjordânia por Israel como uma ameaça à paz em Gaza, e citou a manutenção da trégua e a entrada de ajuda humanitária como missões mais imediatas no âmbito operacional.

— Se o Hamas se recusar a se desmilitarizar, será uma violação do acordo, e isso terá que ser forçado. Não vou entrar nos mecanismos pelos quais isso será imposto, mas terá que se fazer cumprir — disse Rubio, ao ser questionado por repórteres durante uma entrevista coletiva. — Isso é um acordo, e um acordo exige o cumprimento de condições. Israel cumpriu seus compromissos. Eles estão na linha amarela, e isso depende da desmilitarização.

O acordo de cessar-fogo selado por Israel e Hamas previa, além da troca de reféns por prisioneiros e a devolução de restos mortais pelas duas partes, a continuidade de negociações sobre a proposta de 20 pontos de Trump para Gaza. Um ponto descrito nos termos é o desarmamento do grupo palestino e a exclusão de seus integrantes de um futuro governo — algo que o Hamas sempre rejeitou, e se mostra como um dos principais gargalos da fase atual de tratativas.

Em vez do desarmamento, o que se observou no terreno nos primeiros dias após a assinatura do acordo e do recuou das Forças Armadas de Israel para uma área pré-estabelecida foi uma onda de violência, em meio ao retorno dos homens do Hamas a territórios anteriormente ocupados. Os integrantes do grupo anunciaram uma "operação de segurança" contra atividades criminosas e para identificar supostos colaboracionistas de Israel. Execuções públicas foram registradas em vídeo e espalhadas via rede social.

Fontes com conhecimento das negociações dos acordos afirmam que o grupo palestino poderia até mesmo ceder com a entrega de armas de guerra ofensivas, como mísseis e foguetes de médio e curto alcance, mas é contrário a se desfazer de sua rede de túneis em Gaza e de armas leves — o que na prática poderia servir para a própria defesa de seus integrantes contra rivais locais.

Falando do Centro de Coordenação Civil-Militar (CMCC, na sigla em inglês) para monitoramento do acordo, em Kiryat Gat, no sul de Israel, Rubio pediu atenção da imprensa sobre a truculência do Hamas contra a população palestina, mas se esquivou ao ser questionado diretamente sobre a necessidade de Israel em obter uma autorização americana para atacar o Hamas, em caso de descumprimento dos termos.

— Não acho que isso tenha a ver com permissão ou algo do tipo. Basicamente, trata-se de que estamos todos comprometidos em fazer este plano funcionar. Não existe um plano B. Este é o melhor plano. É o único plano. É aquele que acreditamos que pode dar certo. É aquele que acreditamos estar a caminho do sucesso — disse o secretário de Estado.

*Matéria em atualização