Roubo com moto aquática em SP: rota de fuga tem rios sinuosos, mangues, pescadores de robalo e até "piratas"

 

Fonte:


A cena de um roubo ocorrido na segunda-feira (22), em São Vicente (SP), rapidamente ganhou as redes sociais devido ao nada usual veículo do crime: uma moto aquática. Na ocasião, dois ladrões abordaram um casal que passeava de caiaque pela Praia dos Milionários e levou duas alianças de ouro. Dali, a dupla de assaltantes fugiu pelas águas, enquanto as vítimas foram à delegacia registrar queixa.

Nesta terça-feira, a Polícia Civil informou que identificou um dos criminosos, por meio de registros fotográficos, mas sua identidade não foi divulgada. O caso segue sendo investigado e repercutindo pela internet, mas há um grupo de pessoas que não se surpreendeu com a ação ousada: pescadores de robalo e outros peixes que frequentam os canais e rios da região.

Nos grupos de WhatsApp de praticantes amadores e profissionais de pesca, a área dos rios Casqueiro, Mariana, Santana, entre outros, é conhecida por já ter registrado assaltos cometidos por ladrões em pequenos barcos e também em motos aquáticas.

Em um deles, ocorrido em 2013 no Casqueiro, em Cubatão, os bandidos levaram, além de varas de pescas importadas, o motor de popa e dinheiro de uma família que passava o dia em um barco de alumínio. O reboque só chegou no fim da tarde, após a marina de onde saíram os pescadores estranhar a demora pela volta.

Dois anos depois, na divisa de Praia Grande e São Vicente, um pescador de origem japonesa perdeu tudo o que tinha, incluindo o barco, e teve que se jogar na água para poder se abrigar em um mangue. No caso dele, o socorro chegou no meio da noite. Como vinham de embarcações, os ladrões logo foram chamados de "piratas".

Uma das linhas de investigação da polícia, no caso do roubo ao casal que andava de caiaque no mar de São Vicente, é que os criminosos tenham entrado no canal do Mar Pequeno, passado embaixo da Rodovia dos Imigrantes e se dirigido para uma das inúmeras comunidades que foram construídas ao longo das décadas nas margens das águas.

A região, embora altamente adensada, com milhares de casa de palafita, possui diversos rios sinuosos, alguns com águas limpas e cercados por vegetação intacta. De São Vicente, por exemplo, é possível navegar por rios para as cidades de Praia Grande, Cubatão, Santos e até Guarujá. É possível também navegar "rio adentro", em direção à Serra do Mar.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a Polícia Militar reforçou o patrulhamento na região. Desde a segunda-feira (15), o litoral paulista conta com mais de 4.000 policiais na Operação Verão.

Em nota, a Prefeitura de São Vicente informou que a Guarda Civil Municipal (GCM) e a Capitania dos Portos realizaram fiscalização em marinas da cidade na noite de domingo.

“Evidências indicam que os criminosos não partiram das marinas localizadas em São Vicente. Até o presente momento, ninguém foi preso. Durante esta segunda-feira (22), a GCM intensificou a fiscalização na orla”, afirmou a administração municipal.

A prefeitura também informou que o prefeito Kayo Amado (Podemos) enviou um ofício ao comando do CPI-6 da Polícia Militar solicitando apoio marítimo com embarcações do BAEP (Batalhão de Ações Especiais), além do reforço da presença da Marinha do Brasil na orla da cidade.

Também em nota, a prefeitura de Praia Grande afirma que "não houve, até o momento, nenhum indício de que os envolvidos nesta ocorrência tenham acessado a área do Portinho [região da cidade que abriga marinas e uma grande área de lazer]. A Administração ressalta ainda que a Guarda Civil Municipal (GCM) conta com dois grupamentos especializados que atuam na fiscalização dos rios e da área marítima da Cidade, sendo eles a Guarda Costeira e a Guarda Ambiental. A Guarda Ambiental inclusive tem sua base instalada justamente no Portinho, sendo um ponto estratégico para as ações das equipes".

Procurada, a cidade de Cubatão não se pronunciou.