Robôs, IA e drones aceleram nova revolução no campo

 

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A agricultura de precisão está transformando a maneira como o mundo cultiva e produz alimentos. Drones, robôs, imagens de satélite e inteligência artificial (IA) aparecem como alternativas para aumentar a produtividade e reduzir custos. Agora, novas tecnologias focam na conservação de precisão, uma transformação que posiciona os benefícios ambientais no mesmo patamar dos objetivos de produção.

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— Há um movimento crescente que busca criar soluções em tecnologia para aumentar a produtividade e cuidar do meio ambiente, simultaneamente — afirma Dirceu Ferreira Júnior, sócio-líder da PwC Agtech Innovation, o hub de inovação no agronegócio da PwC Brasil.

Segundo Ferreira Júnior, as ideias para o desenvolvimento dos produtos vêm principalmente dos agricultores, e as agtechs de diferentes portes e áreas se debruçam para encontrar a melhor forma de colocar em prática, principalmente de modo que a alternativa seja viável.

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Para Luciano Fernandes, CEO da Treesales, consultoria especializada em transformação digital no campo, entre os problemas que mais têm inspirado as startups a buscar soluções estão gestão hídrica, rastreabilidade, eficiência energética, mecanização inteligente e previsibilidade da safra, com uso de satélites e monitoramento do clima.

—Tudo isso, impulsionado pela urgência climática e exigências de práticas sustentáveis — afirma Fernandes.

Mais patentes

Um levantamento do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) mostra que o Brasil ocupa a nona posição global como fonte de patentes em agricultura sustentável. No país, 15,7% das invenções nessa área estão ligadas à agricultura digital, proporção acima da média mundial.

Segundo o Observatório de Patentes e Tecnologia da Organização Europeia de Patentes (OEP), entre as tecnologias que mais crescem no mundo estão sensoriamento de solo e clima via imagens de satélite, automação de tarefas como pulverização e colheita de precisão, baseadas principalmente no uso de drones e inteligência artificial, e agfintechs — startups de tecnologia financeira com foco no agro — que oferecem serviços como automação de análise de crédito.

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A ManejeBem, startup de capacitação digital de comunidades rurais, criou a Impactools, ferramenta para conectar produtores e agroindústria oferecendo serviços e diagnósticos para produtores agropecuários.

A plataforma dá acesso a diagnósticos socioambientais, consultoria para sustentabilidade e gestão de indicadores para incrementar práticas que assegurem valor agregado aos produtores.

— Temos resultados expressivos, com aumento de até 80% na produtividade e melhora de 27% dos níveis de sustentabilidade das unidades — afirma Juliane Blainski, CEO da startup e cofundadora, ao lado de Caroline Luiz Pimenta.

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A empresa atende atualmente cerca de 400 mil produtores rurais em 240 municípios.

Com as mudanças climáticas causando enchentes e secas, agtechs e universidades brasileiras têm buscado desenvolver ferramentas, algumas com IA, que permitam antever os riscos e ajudem os profissionais do agronegócio nas tomadas de decisão.

A Agrotools, por exemplo, lançou em 2023 uma ferramenta de monitoramento climático via satélite que inclui, desde o ano passado, alertas de incêndio, com captação de sinais até três vezes por dia.

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Quando o assunto são robôs, a criatividade também entra em campo. Há um mês, está disponível no país o Grain Weevil, um “robô de segurança” para gerenciamento de grãos que reduz a necessidade de os trabalhadores entrarem em silos.

— A proposta é reduzir os riscos a longo prazo, devido à exposição da poeira, além de eventuais acidentes por aprisionamento, quedas ou incêndios. É mais do que um substituto para a pá: é um recurso versátil que elimina os riscos de trabalhar dentro de silos, ao mesmo tempo em que melhora a qualidade dos grãos — diz Vinícios Correa, que representa o Grain Weevil no país.

Essa primeira versão disponível do robô ainda não é 100% autônoma — ela funciona por controle remoto, mas uma segunda geração já está em desenvolvimento para operar completamente sozinha, ser capaz de realizar inspeções de grãos e atuar também sobre materiais granulares, como fertilizantes.

Robô com câmeras

Já o robô Solix, da Solinfitec, trabalha de forma autônoma para monitorar e diagnosticar plantações. Ele vem munido com 14 câmeras, cujas imagens, processadas por inteligência artificial, captam informações e orientam decisões do produtor e da própria máquina, como microaplicações de herbicidas no caso de detecção de plantas daninhas.