Rio monta operação com PF, Abin e PM para garantir segurança de eventos paralelos à COP30
Reuniões climáticas e cerimônias na primeira semana de novembro devem reunir cerca de 300 autoridades globais, entre elas o Príncipa William. A Prefeitura do Rio vai montar uma sala de situação integrada com representantes da Polícia Federal, Abin, Polícia Militar, Polícia Civil e órgãos municipais para coordenar a segurança dos sete grandes eventos internacionais que a cidade recebe entre os dias 1º e 7 de novembro. O esquema, sob comando do Centro de Operações Rio (COR), inclui o monitoramento por mais de 5 mil câmeras e radares, drones e acompanhamento em tempo real das delegações estrangeiras.
A operação especial foi desenhada para garantir a segurança de cerca de 300 autoridades mundiais que participarão dos eventos climáticos e ambientais da agenda Pré-COP30. Entre os convidados estão o príncipe William, criador do prêmio The Earthshot Prize, e o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, enviado especial da ONU para Ambição Climática.
Semana de grandes eventos
Durante a primeira semana de novembro, o Rio vai sediar encontros oficiais ligados à COP30, que será realizada entre os dias 10 e 21 de novembro, em Belém. O principal deles é o Fórum de Líderes Locais da COP30, de 3 a 5 de novembro, no Complexo do MAM e Vivo Rio. O evento deve reunir prefeitos, governadores e representantes de mais de 200 cidades para debater financiamento, resiliência e adaptação climática.
A cidade também será palco da Cúpula Mundial de Prefeitos da C40, da Cúpula Global de Estados e Regiões, do Fórum Cidades da Amazônia e de diversos diálogos temáticos organizados pela sociedade civil.
O prefeito Eduardo Paes afirmou que, diante da descontinuidade dos acordos climáticos na gestão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as cidades americanas ganham protagonismo na luta contra o aquecimento global e por políticas sustentáveis.
“O presidente Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos e, de certa maneira, ou de maneira muito explícita, abandonou os compromissos com as COPs, especialmente a COP de Paris. Os governos locais americanos têm cumprido um papel fundamental. Independentemente de quem é o presidente do país, eles têm buscado atingir suas metas. Isso mostra a importância desse encontro de líderes locais aqui no Rio”, disse.
O momento mais aguardado é a cerimônia do The Earthshot Prize, marcada para o dia 5 de novembro, no Museu do Amanhã. O evento, criado pelo príncipe William, é considerado o “Oscar da Sustentabilidade” e vai premiar cinco iniciativas ambientais inovadoras com £1 milhão cada. É a primeira vez que a premiação acontece na América Latina.
Rio será cobaia de projetos inovadores do Google X; Paes mira ‘capital da inteligência artificial’
Outro destaque da programação será o seminário promovido pela X, The Moonshot Factory, laboratório de inovação da Alphabet Inc., empresa controladora do Google. Conhecida como uma espécie de incubadora de projetos futuristas, a X desenvolve tecnologias de alto impacto voltadas a resolver grandes desafios globais, como conectividade a sustentabilidade urbana. O encontro, marcado para o dia 3 de novembro, no Porto Maravalley, vai reunir representantes de empresas de tecnologia para discutir oportunidades de colaboração e o desenvolvimento de projetos voltados à infraestrutura do Rio.
Eduardo Paes afirmou que o Rio pretende se tornar cobaia de algumas iniciativas do projeto e que o objetivo é fazer da cidade uma referência em inteligência artificial.
“O Rio vai ser uma espécie de cobaia, no bom sentido, de alguns desses experimentos do Google X. Entre outros, a gente está vendo um sistema, por exemplo, que analisa toda a rede de energia da cidade do Rio de Janeiro, o que permitirá que nós consolidemos essa posição do Rio como capital, ou como uma cidade da inteligência artificial, buscando atrair para cá os data centers, que devem vir em volume bastante grande para o Brasil, dadas algumas medidas do governo federal”, disse.
Interdições e esquema de mobilidade
Para garantir o deslocamento seguro das comitivas, a CET-Rio fará interdições momentâneas no Centro e na Zona Sul, próximas a hotéis e locais de eventos.
A Avenida República do Chile será parcialmente interditada entre os dias 30 de outubro e 1º de novembro. O entorno do Museu de Arte Moderna (MAM) e do Vivo Rio terá restrições de acesso entre 1º e 6 de novembro.
Na Praça Mauá, onde ocorrerão atividades da Earthshot Week, os acessos serão limitados entre 4 e 5 de novembro, das 9h às 20h, e das 14h às 22h no dia da cerimônia principal. O VLT funcionará normalmente, mas as paradas Parada dos Navios e Parada dos Museus ficarão temporariamente fechadas no dia 5, entre 11h e 12h, durante o deslocamento das delegações.
Mobilização urbana e serviços
Além da segurança, o plano operacional envolve reforço em diversas frentes. A Comlurb terá 400 garis por dia nos locais de evento, com varrição manual e mecanizada, uso de caminhões pipa, lavajatos e pulverizadores com essência de eucalipto.
Na área da saúde, os hospitais Souza Aguiar, Miguel Couto e Andaraí foram designados como unidades de referência, totalizando 1.200 leitos disponíveis. Equipes de vigilância sanitária e da Central Municipal de Regulação estarão de prontidão para atendimentos emergenciais.
A Secretaria de Ordem Pública colocará 600 agentes, 35 viaturas e 10 reboques nas ruas para atuar nos aeroportos Santos Dumont e Galeão, nos pontos turísticos, na Zona Portuária e na Orla de Copacabana.
Engajamento popular e legado climático
Paralelamente aos encontros de líderes e cientistas, a cidade terá 53 eventos abertos à sociedade civil em 23 pontos diferentes, incluindo debates sobre racismo ambiental, adaptação em favelas e liderança feminina nas políticas climáticas. A programação vai de 1º a 7 de novembro e inclui ações culturais, como o evento “Rima e Poesia pelo Clima”, na Quinta da Boa Vista.
A expectativa é que a semana de atividades sirva como ensaio geral para a COP30, projetando o Rio como capital mundial da sustentabilidade e laboratório de soluções urbanas.
