Recondução apertada de Gonet faz com que governo tente margem mais ampla para indicação ao STF
Lula não indica que vai recuar da escolha de Messias, mas auxiliares políticos do presidente falam em costurar apoio mais amplo. O placar apertado no Senado da recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet, levou o Palácio do Planalto a contabilizar os votos para uma provável indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao cargo de ministro do STF. Em meio a uma dificuldade em relação ao nome dele, auxiliares políticos do presidente Lula passaram a adotar cautela: dizem que é necessário, nesse momento, trabalhar melhor junto ao Senado para conseguir costurar apoio e garantir uma margem de segurança em relação ao nome de Messias.
Lula não dá sinais de que vai mudar a indicação, mas, no Senado, a preferência é por Rodrigo Pacheco, que foi presidente do Senado, e é visto como "um deles" pelos parlamentares. Os senadores não rejeitam Messias, que é bem avaliado pelo perfil técnico, mas dizem que pesa contra ele o fato, ainda, de o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, anunciar explicitamente o apoio a Pacheco.
O sinal de alerta no Planalto foi a pouca margem de votos que Gonet reuniu: apenas 4 a mais do que o necessário para ser reconduzido ao cargo. Para ter o nome aprovado, são necessários 41 votos favoráveis. Gonet teve 45 a favor e 26 contrários.
No Senado, cinco integrantes da Comissão de Constituição e Justiça disseram, de forma reservada à CBN, que Pacheco reuniria apoio inclusive da oposição. Já em relação a indicação de Messias, a análise é de que os votos contrários teriam mais peso do que os de apoio, o que poderia impactar no resultado dele não ter o nome aprovado. A análise interna, portanto, é de que Lula precisa se cercar do apoio da base governista e ainda conseguir convencer parte da oposição a votar favorável a Messias.
Nesta quinta-feira, Pacheco disse que está "sempre à disposição de Lula", mas que ainda não houve nenhum convite para a conversa. E, ao ser questionado sobre a margem apertada dos votos de Gonet, Pacheco disse ser natural.
A expectativa é que o anúncio possa ocorrer nos próximos dias. O presidente aguarda, apenas, uma reunião com Pacheco. Ele quer, antes, por uma questão de consideração, conversar com o senador e dizer a ele do apoio que Pacheco tem do Planalto em se lançar a candidato ao governo de Minas Gerais.
