Quem é o professor brasileiro detido nos EUA após disparar arma de chumbinho perto de sinagoga

 

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O advogado brasileiro Carlos Portugal Gouvêa concordou em deixar os Estados Unidos após se declarar culpado de disparar uma arma de pressão perto de uma sinagoga em Massachusetts, em 1º de outubro, véspera do Yom Kippur. Professor da USP, Gouvêa estava como professor visitante na Universidade de Harvard.

O brasileiro foi acusado de "disparo ilegal de arma de chumbo, conduta desordeira, perturbação da paz e vandalização de propriedade". Ele se declarou culpado de disparar o armamento, e as outras acusações que ele enfrentava foram retiradas como parte do acordo judicial.

Gouvêa se formou em Direito na USP em 2001, tendo feito mestrado e doutorado em Harvard. Ele é membro da Ordem dos Advogados de Nova York, o que o permite advogar no estado americano. O brasileiro é consultor no escritório Portugal Gouvêa na área consultiva empresarial, focada em fusões e aquisições, direito societário e investimento estrangeiro. O brasileiro também é um dos fundadores do Instituto Sou da Paz, criada em 1997.

O brasileiro foi detido após ser visto disparando uma arma de ar comprimido. Aos policiais, ele relatou que estava caçando ratos. Um dos tiros efetuados por Gouvêa teria quebrado a janela de um carro. Ninguém ficou ferido.

Brasileiro que dava aulas em Harvard é detido após disparar arma de chumbinho perto de sinagoga

Reprodução

Após o episódio, o brasileiro foi colocado por Harvard em licença administrativa. Segundo a Reuters, o brasileiro foi preso nesta quarta-feira pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) após seu visto temporário de não imigrante ter sido revogado pelo Departamento de Estado americano. O governo de Donald Trump rotulou o episódio como um "incidente de tiro antissemita", apesar de as autoridades locais terem adotado versão divergente.

Nas redes sociais, a própria sinagoga Beth Zion afirmou que o caso do brasileiro "não parece ter sido alimentado pelo antissemitismo".

"Pelo que a polícia nos disse inicialmente, o indivíduo não sabia que morava próximo de uma sinagoga e que estava atirando com sua espingarda de ar comprimido ao lado de uma, ou que era um feriado religioso", relataram na mensagem Larry Kraus e Benjamin Maron, referindo-se ao Yom Kippur, data sagrada do judaísmo.

A USP também publicou nota sobre o ocorrido, na época da primeira detenção. A instituição de ensino superior destacou que a sinagoga fez uma publicação "afastando, por completo, ter se tratado de ocorrência antissemita". O comunicado acrescentou que "o professor tem afinidades, inclusive laços familiares, com a comunidade judaica" e "histórico posicionamento em defesa dos Direitos Humanos".

"O Professor Carlos Portugal Gouvêa, do Departamento de Direito Comercial, tem atividade acadêmica pautada pela competência técnica, dedicação à docência e à pesquisa e elevado profissionalismo. Por tudo isso, a Faculdade de Direito da USP repudia as insinuações maldosas e distorcidas lançadas contra o seu docente, Professor Carlos Pagano Botana Portugal Gouvêa", finaliza a nota assinada pelo diretor da Faculdade de Direito da USP, Celso Fernandes Campilongo.