Putin se exime de culpa por mortes na guerra da Ucrânia e diz que fim do conflito depende de Kiev em coletiva de imprensa anual

 

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O líder russo, Vladimir Putin, afirmou nesta sexta-feira que o fim da guerra na Ucrânia depende de Kiev e dos países ocidentais, que não se considera responsável pelas mortes causadas pelo conflito, e comemorou o avanço de suas tropas no campo de batalha nesta sexta-feira durante uma coletiva de imprensa em Moscou — uma tradição anual em seus anos no poder. Após quase quatro anos de conflito, Putin se vê encorajado pelas conquistas militares e pela pressão diplomática dos EUA para encerrar a guerra, que tem forçado os ucranianos a considerarem fazer concessões.

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— A bola está totalmente no campo do chefe do regime de Kiev e de seus apoiadores europeus — disse Putin durante a entrevista televisionada, antes de rejeitar a responsabilidade pelas perdas provocadas pelo conflito. — Não nos consideramos responsáveis pelas mortes, porque não fomos nós que começamos esta guerra.

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As declarações de Putin acontecem em um momento de grandes movimentações nos bastidores e na frente de combate. Uma delegação ucraniana terá uma nova rodada de negociações com mediadores dos EUA entre sexta e sábado, discutindo termos para um possível processo de paz com Moscou, enquanto a União Europeia — excluída por Washington das conversas — acaba de autorizar um empréstimo de 90 bilhões de euros (cerca de R$ 585 bilhões ) para financiar a Ucrânia pelos próximos dois anos.

O líder russo passou dias dizendo que Moscou tomará o restante do leste da Ucrânia por meio de força se a diplomacia falhar, um ponto que retomou durante a entrevista coletiva.

Putin entra no palco para coletiva anual em Moscou

Mikhail Metzel/AFP

— Nossas tropas estão avançando ao longo de toda a linha de contato... o inimigo está recuando em todas as direções — disse Putin. — Tenho certeza de que, antes do final deste ano, ainda presenciaremos novos sucessos.

A entrevista coletiva é um momento de particular exposição para Putin, um líder que costuma deixar a maior parte das comunicações diárias a cargo de porta-vozes, como Dmitri Peskov. O evento televisivo é transmitido em telões por cidades russas, e se trata de um programa rigorosamente controlado, em que o presidente responde a perguntas da imprensa e a ligações de pessoas de todos os 12 fusos horários da Rússia.

Costureira acompanha declarações de Putin em seu apartamento em São Petersburgo

Olga Maltseva/AFP

O Kremlin afirmou que quase três milhões de perguntas foram enviadas por cidadãos antes do evento. Embora os comentários sobre a guerra na Ucrânia atraiam grande parte da atenção, muitos cidadãos aproveitaram a oportunidade para enviar dúvidas sobre temas cotidianos, e relacionados às políticas internas do país.

Em um comentário, Putin minimizou as preocupações com a desaceleração da economia russa, que está em estado de guerra há quase quatro anos e priorizou a defesa em detrimento de todos os outros setores, afirmando que a situação era estável — e favorável em comparação com a Europa. Moscou tem vivido sob pesadas sanções e inflação persistente, com o crescimento pairando pouco acima de zero.

Durante a conferência anual, medidas de segurança reforçadas foram implementadas ao redor do Kremlin e da Praça Vermelha, com algumas áreas fechadas para pedestres. Dezenas de carros de polícia e agentes de serviços especiais podiam ser vistos nas ruas. (Com AFP)