Preso em operação da PF, Buzeira viralizou ao 'arrecadar' R$ 10 milhões com gravata em casamento
Alvo da Operação Narco Bet, deflagrada nesta terça-feira pela Polícia Federal, o influenciador digital Bruno Alexssander Souza Silva, mais conhecido como Buzeira, ficou conhecido nas redes sociais por divulgar rifas online e ostentar carros, joias e outros bens de luxo para seus mais de 15 milhões de seguidores. Em julho deste ano, o influencer viralizou ao arrecadar uma quantia milionária com a passagem da gravata em seu casamento com Hillary Yamashiro.
Durante o casamento, amigos anônimos e famosos do influenciador lideraram a tradição de "vender" um pedaço da gravata do noivo em troca de quantias em dinheiro para o casal. Na ocasião, os convidados precisaram optar pelas opções "pix ou pega". Caso não fizessem uma transação, deveriam ceder algum bem pessoal — e vários acabaram repassando itens de luxo, como joias e relógios.
— Festa de milionário, vocês acharam que ia ser uma gravata normal. Tiveram alguns que a gente nem precisou pedir, já deram Rolex, granada, colar de ouro, o John Vlogs deu logo um Rolex de diamante. Só Hytalo lá que saiu correndo e se trancou no banheiro, ficou com medo e sumiu da festa, não tá acostumado com a periferia, favelado quando ganha dinheiro é assim mesmo — brincou Buzeira, na ocasião.
Entre os convidados da festa, estavam MC Daniel, Jon Vlogs, MC Ryan SP e Hytalo Santos — este último detido dias depois na esteira de uma investigação de exploração de menores de idade. Depois do festejo, Hytalo foi às redes sociais reclamar que um amigo havia "perdido" uma pulseira de R$ 250 mil na brincadeira da gravata. Ele disse ter ido embora do evento após a dinâmica.
— A brincadeira é simplesmente o quê? Eles passam com um cordão e pega relógio, pulseira, cordão, o que você tiver de valor. Eles colocam lá e já era, tipo tchau — disse Hytalo.
Agentes da Polícia Federal saíram às ruas nesta terça para cumprir 11 mandados de prisão e outros 19 de busca e apreensão na Operação Narco Bet em quatro estados do país: em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Segundo a TV Tribuna, além de Buzeira, o empresário Rodrigo Morgado também foi preso na ação, que visa a desarticular um esquema de lavagem de dinheiro vinculado ao tráfico internacional de drogas.
Operação Narco Vela: irmãos do PCC estariam por trás de envio de cocaína em veleiros
Artigo: Brasil vira entreposto mundial do tráfico de cocaína, que rende lucro bilionário para facções
A ação desta terça é um desdobramento da Operação Narco Vela, deflagrada em abril para reprimir o tráfico marítimo de drogas a partir do litoral brasileiro, e conta com a cooperação da Polícia Criminal Federal da Alemanha (Bundeskriminalamt – BKA). Um dos investigados alvos de mandado de prisão, cujos nomes não foram divulgados, está em território alemão.
Segundo a PF, as investigações indicam que o grupo criminoso utilizava movimentações financeiras em criptomoedas e remessas internacionais para ocultar a origem ilícita dos valores e dissimular o patrimônio. Parte do dinheiro também teria sido direcionado para empresas ligadas ao setor de apostas eletrônicas, as bets, ainda de acordo com os investigadores.
A Justiça deferiu o bloqueio de bens e valores estimados em mais de R$ 630 milhões. O objetivo, segundo a PF, é descapitalizar a organização criminosa e garantir a reparação de danos decorrentes das atividades ilícitas. Imagens divulgadas pela corporação exibem carros de luxo, pelo menos um relógio e dinheiro em espécie.
Os investigados poderão responder pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa, com indícios de atuação transnacional.
Em abril deste ano, a PF deflagrou a Operação Narco Vela para desarticular uma organização criminosa voltada ao tráfico internacional de drogas para a África e Europa que utilizava satélites, barcos e veleiros.
A investigação teve início a partir de uma comunicação feita pela Agência de Repressão às Drogas dos EUA (Drug Enforcement Agency ou DEA, em inglês) sobre uma apreensão de três toneladas de cocaína em fevereiro de 2023, dentro de um veleiro brasileiro, em alto mar próximo ao continente africano, com a abordagem feita pela Marinha americana. Outros carregamentos também foram interceptados em águas internacionais pela Guarda Civil espanhola e Marinha francesa.
As investigações apontaram que dois irmãos estariam por trás do envio de cocaína em veleiros. Preso no Paraguai em 2019, Levi Adriani Felício, conhecido como "Mais Velho", seria um dos envolvidos no esquema, além de seu parente Levi, Rodrigo Felício, o "Tico". Ambos seriam membros do Primeiro Comando da Capital (PCC).
