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A prefeitura de São Paulo enviou uma notificação para a Enel e para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre a falta de luz que atinge a capital paulista nesta quarta-feira (10), questionando a atuação da concessionária diante do vendaval que causou transtornos para os paulistanos. De acordo com dados atualizados às 20h, 1,5 milhão de imóveis, ou 26% do total, estão no escuro na cidade.

A administração municipal cita um "grande número de veículos da concessionária parados na garagem enquanto mais de 2 milhões de unidades consumidoras estavam sem luz", sem especificar um número exato. A gestão Ricardo Nunes (MDB) afirma que no prazo de 48 horas a concessionária deve explicar os motivos para a "paralisação de frota significativa de veículos, que deveriam estar munidos de equipes e equipamentos para o reparo e a remoção de galhos e árvores sobre a fiação".

Ricardo Nunes, desde os apagões que atingiram a cidade durante temporais em 2023 e 2024, fez duras críticas a Enel, e chegou a pedir que o governo federal rescindisse o contrato com a empresa.

Em resposta, a empresa informou para O GLOBO que "mobilizou um total de mais de 1.500 equipes ao longo do dia e o mesmo número de veículos para atender os clientes nas ruas. A companhia dispõe de um número maior de veículos e caminhões para que não ocorram atrasos na troca de turno entre as equipes. Os veículos são preparados e equipados nas bases a cada troca de turno entre as equipes."

Mais cedo, no entanto, a Aneel também notificou a Enel, exigindo explicações sobre o colapso no fornecimento de energia. No documento endereçado ao diretor-presidente da concessionária, Guilherme Gomes Lencastre, a agência reguladora adota um tom mais severo. A Aneel ressalta que a reincidência de falhas graves na prestação do serviço desrespeita cláusulas contratuais e pode ensejar a recomendação de "caducidade da concessão", termo técnico para o cancelamento do contrato da empresa com o governo.

Entre as exigências, a Aneel cobra a apresentação da "Curva de Recomposição", um gráfico que deve detalhar o pico de interrupções e a velocidade de retomada do serviço hora a hora. A agência também questiona a efetividade do plano de contingência, solicitando provas de quando a distribuidora mobilizou suas equipes e se a estrutura operacional era compatível com os alertas meteorológicos emitidos dias antes.

A Aneel diz ainda que o evento não foi uma surpresa, visto que institutos de meteorologia e a Defesa Civil já alertavam desde o fim de semana sobre a formação do ciclone e a possibilidade de danos à rede elétrica.

A falta de energia afetou o abastecimento de água em diversos bairros da cidade e da região metropolitana. Segundo a Sabesp, com os apagões, bombas de bombeamento deixaram de operar.

O problema ocorreu nos seguintes bairros: Americanópolis, Morumbi, Parelheiros, Parque do Carmo, Sacomã, Tucuruvi, Vila Clara, Vila Formosa, Vila Mariana e Vila Romana. "Os bairros próximos a essas regiões podem ter sido afetados, pois os reservatórios localizados nesses locais atendem a áreas vizinhas", informa a Sabesp.

Na Grande São Paulo, os municípios de Embu das Artes, Itapecerica da Serra, Mauá, Santo André, Santa Isabel e Taboão da Serra, Osasco e São Bernardo do Campo também registraram o problema. A Sabesp recomendou que os clientes "façam consumo consciente da água armazenada nos reservatórios domiciliares até a completa recuperação dos sistemas".

O apagão chegou a afetar também o funcionamento do Hospital São Paulo, localizado na Vila Clementino, Zona Sul da cidade. O endereço ficou sem energia das 22h da noite de terça (9) até o meio dia desta quarta, quando a energia foi restabelecida pela Enel.

Os estragos do vendaval podem ser vistos em diversas ruas da capital. O Corpo de Bombeiros recebeu, até o momento, 1.327 chamados para quedas de árvores e 19 chamados para desabamentos e desmoronamentos. Nos aeroportos de Guarulhos e Congonhas, mais de 100 decolagens foram canceladas.

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