Plano de paz revisado pela Ucrânia prevê entrada de Kiev na UE a partir de janeiro de 2027
A atual versão do acordo de paz para encerrar a guerra entre Rússia e Ucrânia prevê a adesão de Kiev como parte da União Europeia, confirmaram fontes inteiradas das negociações mediadas pelos EUA nesta sexta-feira, afirmando que o bloco europeu admitiria o país como um de seus sócios a partir de janeiro de 2027.
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A cláusula sobre a adesão da Ucrânia à UE foi confirmada por fontes ouvidas em anonimato pela AFP e pelo Financial Times. Um alto funcionário ouvido pela agência francesa afirmou que o ponto estava em fase de negociação, mas contava com apoio de Washington. A publicação britânica apontou que o termo foi acrescentado na última revisão realizada por Kiev, e conta com apoio de Bruxelas.
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Em uma coletiva de imprensa na quinta-feira, na qual comentou sobre os termos em discussão com os americanos, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, comentou sobre o possível ingresso de Kiev à UE.
— O tema de uma futura adesão da Ucrânia à UE depende amplamente dos europeus, e também dos americanos, na verdade — disse Zelensky. — Se nós concordarmos com um acordo especificando quando a Ucrânia se tornará membro da UE, os americanos, como parte desse acordo, vão fazer tudo para que o nosso caminho europeu não possa ser bloqueado por outros na Europa sobre quem eles têm influência.
Meses antes da invasão russa, em fevereiro de 2023, a Ucrânia foi admitida como candidata a país-membro da UE. A adesão ao bloco, porém, pelo processo regular, dependeria da aceitação dos países que já integram o grupo. Governos com ligações estreitas com Moscou, como Hungria e Eslováquia, já se posicionaram contra a aproximação com Kiev. Uma determinação via acordo, com garantia americana, porém, poderia simplificar o processo.
A nova versão do acordo foi entregue pelos ucranianos a negociadores americanos na quarta-feira, em meio à campanha de pressão do presidente Donald Trump, que tenta forçar um acordo o mais rápido possível. Ainda na coletiva da quinta, Zelensky afirmou que a cessão de Donetsk e da usina nuclear de Zaporíjia permaneciam como os pontos mais difíceis de superar.
Um acerto entre a parte ucraniana e os mediadores não garante um avanço do acordo. Fontes russas têm demonstrado insatisfação com alguns dos pontos discutidos publicamente, que se afastaram das demandas maximalistas que constavam no primeiro plano de paz. Yuri Ushakov, conselheiro de relações exteriores do líder russo, Vladimir Putin, afirmou nesta sexta-feira que o lado russo não teve acesso à última versão dos esboços.
— Quando nós o virmos, eu sinto que nós não vamos gostar muito — disse Ushakov, acrescentando que Moscou rejeitava a proposta de transformar o Donbas em uma "zona econômica livre". (Com AFP)
