PF prende novamente lobista do esquema de venda de sentenças no Judiciário

 

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A Polícia Federal cumpriu nesta quarta-feira um novo mandado de prisão preventiva contra o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves em Primavera do Leste, no interior do Mato Grosso, onde ele estava em prisão domiciliar. O lobista é apontado como pivô no esquema de vendas de sentenças do Superior Tribunal de Justiça (STJ), investigado na Operação Sisamnes.

Procurada, a defesa disse que ainda não teve acesso ao cliente e não iria comentar o novo mandado de detenção.

A ordem foi expedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin, que é o relator do caso na Corte.

Andreson estava em prisão domiciliar devido a problemas de saúde. Após oito meses preso, ele perdeu mais de 25 quilos e foi diagnosticado com um quadro de neuropatia diabética. Mesmo em casa, ele foi alvo de um mandado de busca e apreensão no dia 3 de outubro. Posteriormente, dois policiais foram à casa do lobista investigado por esquema de venda de sentenças e atestaram a recuperação da saúde.

Apurações da PF constaram ainda que ele fez greve de fome no período em que ficou preso no presídio federal, em Brasília. Agora, ele deve ser encaminhado para uma penitenciária em Mato Grosso.

As investigações da Sisamnes miram em uma rede de lobistas, desembargadores do Mato Grosso e ex-servidores de quatro gabinetes do STJ que teriam participado de um esquema de comércio de decisões judiciais. O caso tramita no Supremo, porque há menções a pelo menos um ministro da Corte superior.

“Há nos autos consideráveis elementos apontando no sentido de que Andreson de Oliveira Gonçalves tinha função decisiva de comando e ingerência no contexto de suposto esquema de venda de decisões judiciais e de informações processuais privilegiadas, que envolveria, em tese, intermediadores, advogados e servidores públicos”, escreveu Zanin, em uma decisão anterior do processo.

“Sua atuação é demonstrada de forma veemente nos autos, revelando-se bastante indiciária sua função central no suposto comércio de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça", acrescentou o ministro, na ocasião.