PF investiga desvio de emendas parlamentares; ex-assessora de Arthur Lira é alvo

 

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A Polícia Federal está nas ruas, nesta sexta-feira (12), numa operação contra o desvio de emendas parlamentares. A Operação Transparência tem o objetivo de apurar irregularidades na destinação de dinheiro público por meio das emendas. Os policiais federais estão cumprindo dois mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O alvo da operação é Mariângela Fialek, conhecida como Tuca na Câmara dos Deputados. Ela atuou como assessora de Arthur Lira quando ele presidia a Casa e atualmente segue como servidora, na liderança do Partido Progressista.

De acordo com o pedido da PF, a principal acusação contra a servidora é de que ela teria adotado medidas para impedir o backup de seus dados mais sensíveis na nuvem, mantendo todo o acervo em meios físicos, como papéis e equipamentos. Por essa razão, a operação foi considerada necessária e autorizada pelo ministro do STF, Flávio Dino.

A principal acusação contra a servidora é de que ela teria exercido controle sobre a indicação de emendas de forma a desviar recursos em benefício de uma possível organização criminosa. O chamado orçamento secreto, que ganhou força durante a pandemia na gestão de Arthur Lira na Câmara, teria contado, segundo depoimentos de parlamentares e servidores à Polícia Federal, com a participação dela na execução desses desvios.

Na decisão que autorizou a operação, Dino afirma que a servidora atuava diretamente na operacionalização do encaminhamento de emendas, inclusive em nome do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira.

Segundo Dino, mesmo após a mudança na presidência da Casa, ela continuou direcionando o pagamento de emendas, especialmente no âmbito do orçamento secreto. Em um trecho da decisão, o ministro cita como exemplo a destinação de recursos para a cidade de Rio Largo, em Alagoas. A cidade tem 70 mil habitantes.

Os recursos foram repassados por meio da comissão de Turismo, apesar de nenhum deputado de Alagoas integrar essa comissão, reforçando a suspeita de que muitas emendas beneficiavam o estado do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira. A operação, portanto, foi realizada tanto na Câmara quanto na residência da servidora.

A Polícia Federal chegou a solicitar o afastamento de Mariângela Fialek, principal alvo da operação, mas o ministro Flávio Dino acolheu o pedido apenas parcialmente. Ela continua no cargo, mas está proibida de exercer qualquer atividade relacionada à proposição, tramitação ou destinação de emendas parlamentares.