Peixe de 12 milhões de anos e 400 kg passa a fazer exames em SP sem agulhas, em parceria com o Butantan
Uma espécie que antecede os dinossauros e continua presente nos mares do planeta agora poderá ser estudada com mais precisão e menos impacto. O mero, que habita os oceanos há pelo menos 12 milhões de anos e tem representantes mantidos no Aquário de São Paulo, passará a ser analisado sem necessidade de coleta de sangue, graças a uma nova tecnologia do Projeto Meros do Brasil, anunciada nas redes sociais na terça-feira (25).
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A iniciativa é fruto de uma parceria com o Instituto Butantan e representa um avanço significativo para a pesquisa de uma espécie classificada como criticamente ameaçada. “Com a parceria com o Instituto Butantan, abrimos um novo capítulo na ciência de poder pesquisar a saúde e diversos outros fatores, como contaminantes e qualidade do ambiente onde esses animais estão vivendo, através do muco”, afirmou Jonas Rodrigues Leite, gerente-executivo do Projeto Meros do Brasil. Segundo ele, essa substância viscosa, produzida pelos peixes, funciona como um órgão essencial, com propriedades antifúngicas e antibacterianas que garantem a sobrevivência do animal.
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Tecnologia e manejo mais seguro
A novidade foi celebrada no Aquário de São Paulo, instituição que abriga alguns exemplares do mero e acompanha sua rotina em cativeiro. O Projeto Meros do Brasil, mantido pela Petrobras, destaca que a análise por muco reduz drasticamente o manejo. “Antes estávamos trabalhando com uma técnica invasiva, que retirava sangue dos peixes, com um manejo maior. Agora com o muco é muito mais simples”, explicou Leite.
O mero é a maior espécie de garoupa do Atlântico e pode alcançar 2,5 metros de comprimento e mais de 400 quilos. Apesar do porte monumental, é considerado dócil. Seu ciclo de vida depende de ecossistemas costeiros: os filhotes crescem em manguezais, enquanto os adultos migram para recifes e costões, deslocando-se por até 400 quilômetros para formar grandes aglomerações reprodutivas entre dezembro e março.
A espécie sofre declínio populacional superior a 80% nos últimos 65 anos no Brasil, onde a captura, o transporte e a comercialização são proibidos desde 2002. O avanço da pesca ilegal, a degradação dos mangues e a poluição marinha seguem como principais ameaças. A aposta dos pesquisadores é que as novas técnicas de monitoramento ajudem a aprimorar estratégias de conservação e ampliem as chances de sobrevivência do peixe pré-histórico.
