Partidos de Pablo Marçal e do MBL avaliam filiação de Moro após impasse com União Brasil
Em meio ao impasse do senador Sergio Moro (União-PR) com a federação de União Brasil e PP, que ainda não lhe deu garantias de apoiar sua candidatura ao governo do Paraná, partidos nanicos tentam atrair o ex-juiz da Lava-Jato. O PRTB, que lançou o ex-coach Pablo Marçal à prefeitura de São Paulo no ano passado, e o Missão, partido recém-criado por lideranças do movimento ativista MBL, avaliam apoiar a candidatura.
Por ora, no entanto, as conversas esbarram na falta de acesso dessas siglas ao fundo partidário e ao tempo de propaganda eleitoral na TV, itens que Moro considera importantes para a campanha de 2026, segundo interlocutores.
O Missão já apresentou uma pré-candidatura ao governo do Paraná, com o advogado Luiz Felipe França, mas integrantes do partido admitem reservadamente que a possibilidade de lançar Moro teria prioridade, caso o senador tope concorrer sem a mesma estrutura do União Brasil. O partido do MBL também poderia abrigar a candidatura ao Senado da jornalista Cristina Graeml, filiada por Moro ao União para disputar o cargo.
Já o presidente do PRTB, Amauri Pinho, afirma que vem conversando "há cerca de dois meses" sobre uma possível filiação de Moro, mas que aguarda o ex-juiz "resolver a situação com seu partido atual".
— Temos grande respeito pela trajetória e pela relevância do senador no cenário nacional, por isso nos colocamos totalmente abertos ao diálogo — disse Pinho.
Moro se vê hoje com poucas opções para concorrer ao governo, caso o União Brasil não abrace sua candidatura. O PP fechou questão, nesta semana, para vetar a candidatura do ex-juiz — o que impede, na prática, que ele saia candidato pelo União, caso seja formalizada a federação entre os dois partidos.
O principal empecilho à candidatura de Moro, segundo lideranças partidárias ouvidas pelo GLOBO, foi o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR). A deputada estadual Maria Victoria (PP), filha de Barros, é a atual presidente do diretório estadual do PP. Barros é crítico notório da Lava-Jato e chegou a ser citado em delação de executivos da Odebrecht no âmbito da operação, mas não foi condenado.
O deputado foi relator, em 2019, da lei de abuso de autoridade na Câmara. Moro, que era ministro da Justiça à época, defendeu junto ao então presidente Jair Bolsonaro o veto da lei, considerada uma tentativa de enquadrar procuradores e juízes de operações como a Lava-Jato. Na época, Barros declarou em entrevista ao Uol que a Lava-Jato “adotou práticas de cercear direitos” e “quebrou o país”.
Falta de alternativas
Outros partidos no campo da direita também se articulam distantes de Moro. O Podemos, partido pelo qual Moro ensaiou uma candidatura à Presidência em 2022, e o Republicanos entregaram o comando de seus diretórios locais no Paraná a desafetos do senador.
O Novo, que já tentou filiar Moro em 2023, se aproximou da base do governador Ratinho Jr. (PSD), que não deseja uma aliança com o ex-juiz. Já o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, deve lançar o deputado Filipe Barros (PL-PR) ao Senado na chapa apoiada por Ratinho.
Por ora, Moro tem declarado que mantém sua candidatura ao governo pelo União Brasil. Na segunda-feira, após dirigentes do PP anunciarem que barrariam sua candidatura, o senador usou suas redes sociais para criticar “vetos e imposições arbitrárias” e disse que segue candidato “autorizado pelo presidente nacional” do União Brasil, Antonio Rueda.
Procurado pelo GLOBO, o senador afirmou ainda que "divergências serão superadas pelo diálogo" e que chegou a ocorrer "um prévio acordo com o PP em apoio à candidatura do União Brasil". Já os dirigentes do PP no Paraná afirmam que Moro "teve sete meses" para viabilizar outras alianças e não conseguiu, e que por isso o partido "não vai homologar" sua candidatura.
