Paraense e embaixador da ONU: quem é o chef que recusou cozinhar para príncipe William após pedido de menu vegano

 

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O santareno Saulo Jennings, chef de cozinha reconhecido como um dos maiores divulgadores da culinária amazônica, chamou atenção nesta semana ao recusar-se a cozinhar para o príncipe William após pedido de menu 100% vegano. Ele havia sido escolhido para atuar no jantar que será oferecido ao príncipe de Gales, no dia 5 de novembro, no Rio de Janeiro, durante o Earthshot Prize 2025, premiação dedicada à causa ambiental e criada pelo filho da princesa Diana. O celebrado chef paraense cozinharia para os 700 convidados do evento.

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O paraense é um dos nomes à frente da organização da programação gastronômica da COP30 e, na missão de definir o que será servido para os chefes de estado esperados, quer que ingredientes como peixe, tacacá, jambu e cacau ajudem o Brasil a conquistar nomes como o dos presidentes da Rússia, Vladimir Putin, da China, Xi Jinping, e, caso confirme presença, dos Estados Unidos, Donald Trump.

— Os britânicos vêm da terra do "fish and chips" e agora não comem peixe? Pegou mal essa determinação — disse Saulo em entrevista ao GLOBO publicada nesta terça-feira.

Em 2024, Jennings foi eleito o 1º Embaixador Gastronômico da Organização das Nações Unidas (ONU) Turismo no mundo. Ele representa o Brasil como referência de valorização da comida inspirada na cultura alimentar da região do Tapajós.

Jennings é formado em Administração e autodidata na cozinha. Entre as conquistas na área estão o prêmio de Chef do Ano e a administração de grandes eventos gastronômicos do país. A atuação dele no campo começou há 15 anos em um restaurante voltado à culinária tapajônica, com apenas 20 lugares.

— A meu ver, pelo que tenho visto de várias delegações que estarão na COP30, eles têm medo e um certo preconceito da nossa comida. Às vezes, não é nem porque a pessoa seja vegana. É receio mesmo! Este é o meu sentimento. Não estou dizendo que este é o caso deles (dos britânicos e do príncipe). Mas pelas propostas de trabalho que tenho recebido para a COP30, escuto muitas coisas assim: "Ah, faz só uns sanduichinhos com peito de frango", já me pediram recentemente. Respondo que faço lombo de pirarucu. Esta é a minha cozinha.

O chef já se prepara para o evento, no qual deseja destacar ingredientes da culinária local, e revela um pedido do presidente Lula para a COP30: deixar seu barco-restaurante que fica atracado em Santarém e comporta cerca de 20 pessoas, à disposição. O petista pode usá-lo para um encontro bilateral com alguma delegação específica, por exemplo.

— Estou há dois anos me preparando para essa COP, fazendo pesquisas sobre a cultura e hábitos das delegações. Mesmo não tendo o calendário definido nem os pratos, já sei que vou fazer um peixe filhote inteiro na brasa, que tem cerca de 50 quilos. Já fiz para o presidente Lula e ele gostou bastante — disse ao GLOBO em maio.