‘Pacto pela originalidade’: Lô Borges e o Clube da Esquina queriam inspirar 'para sempre' por meio da canção, diz sobrinho
Rodrigo Borges relembra legado do tio e do movimento que marcou a música brasileira com coragem, amizade e identidade artística O cantor e compositor Rodrigo Borges, sobrinho de Lô Borges, afirmou à CBN nesta segunda-feira (3) que o tio e os artistas do Clube da Esquina, como Milton Nascimento, Toninho Horta e Beto Guedes, firmaram um “pacto musical” pelo compromisso com a originalidade e a autenticidade ao longo de toda a carreira. Segundo ele, a intenção sempre foi inspirar o público por meio da canção.
“Ele tinha um prazer imenso em criar e trabalhar. Esse foi o pacto que eles fizeram lá atrás, no Clube da Esquina. Quando o Marcinho e o Milton começaram a compor, depois de assistirem ao filme Júlio Zegretti, eles se tornaram compositores e fizeram esse pacto de sempre tentarem ser o mais originais possível. O Lô trouxe isso com os irmãos mais velhos”, contou Rodrigo.
Lô Borges iniciou a carreira cedo, aos 10 anos, e decidiu viver da música ao lado dos amigos. Segundo Rodrigo, a amizade foi essencial para o surgimento das obras do Clube da Esquina.
“Uma música com essa dimensão só foi possível por causa da amizade, da entrega entre amigos. O Clube da Esquina nasce dessa vontade de fazer boa música coletivamente, junto das pessoas que você gosta”, afirmou.
Mesmo longe dos palcos, Lô Borges nunca se afastou da música e tinha o desejo de manter o legado vivo para as novas gerações. Ele também era conhecido pelo bom humor e pela proximidade com a família.
“Ele era uma pessoa leve, que gostava de contar casos, um ótimo piadista. Na casa dos meus avós, onde meu pai e minhas tias moram hoje, ele era presença constante. Nos encontros de família, sempre levava o violão, mostrava as novas canções, que chamava de ‘filhas’. Tinha muito orgulho delas”, relembra o sobrinho.
Lô Borges foi um dos fundadores do Clube da Esquina, ao lado de Milton Nascimento. O grupo revolucionou a música brasileira a partir dos anos 1970 ao fundir influências do rock, do jazz e da psicodelia com a tradição da MPB e das harmonias mineiras. O movimento foi batizado a partir do icônico álbum duplo lançado em 1972.
O cantor morreu neste domingo (2), aos 73 anos, em um hospital particular de Belo Horizonte, em decorrência de falência múltipla dos órgãos.
