Operação no Piauí mira influencers que lucraram ao menos R$ 5 milhões com apostas e rifas ilegais

 

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Os influenciadores Sara Costa dos Santos (Sarah Brenna), João Vitor Almeida Pereira (Vitor Mídia), Lucimayre Magalhães Brito e Luiz Carlos Morfim Júnior foram os principais alvos da segunda fase da Operação Laverna, deflagrada nesta sexta-feira por autoridades no Piauí. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado, eles são suspeitos de envolvimento em crimes digitais ligados à promoção de plataformas de apostas ilegais e rifas irregulares nas redes sociais e movimentaram ao menos R$ 5 milhões nos esquemas.

Agentes cumpriram medidas cautelares contra os suspeitos. A Justiça determinou a apreensão de passaportes, o bloqueio de valores nas contas bancárias e a remoção de conteúdos ilegais dos perfis.

Sarah Brenna, Lucimayre Magalhães Brito e Luiz Carlos teriam utilizado "intensivamente" seus perfis em redes sociais para divulgar plataformas de apostas virtuais conhecidas como "Jogo do Tigrinho", entre outras.

"Os conteúdos publicados incluíam vídeos manipulados, exposição de supostos ganhos, sorteios, linguagem motivacional e links personalizados para atrair seguidores, induzindo ao erro e estimulando expectativas irreais de lucro", afirmam os investigadores.

Vitor Mídia, por sua vez, teria concentrado sua atuação na promoção de rifas ilegais, que apresentava como ações beneficentes. Ele não comprovou o repasse das arrecadações e obteve lucro direto com a prática, aponta a investigação.

— Uma pessoa ganhou duas vezes o prêmio nas redes [do Vitor Mídia]. Estatisticamente é quase impossível fazer isso — ressaltou o delegado Matheus Zanatta, superintendente de Operações Integradas da secretaria.

O GLOBO tenta contato com a defesa dos influenciadores. Em nota enviada ao g1, a defesa de Vitor Mídia afirmou que as rifas são "devidamente regulamentadas pelos órgãos competentes" e que todos os ganhadores foram premiados.

Investigação

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Piauí, os influenciadores movimentaram quantias de valores incompatíveis com qualquer renda formal declarada. Foram identificados R$ 213.606,60 em nome de Lucimayre Magalhães Brito e mais R$ 637.783,14, em nome de Luiz Carlos. Sarah Brenna, por sua vez, movimentou R$ 1.311.784,32 e o marido dela, Antônio Shaul Hinminisses de Araújo Soares, outros R$ 1.664.582,01.

No caso de Vitor Mídia, os investigadores identificaram uma movimentação de R$ 1.173.117,64, num "padrão típico de rifas clandestinas". Isso porque o montante fora composto, em sua maioria, por repasses [microcréditos] de entre R$ 0,02 e R$ 20, enviados por mais de três mil pessoas diferentes.

Para o delegado Ayslan Magalhães, essas informações financeiras, em conjunto com a ausência de declaração de renda e o uso de empresas associadas a pagamentos digitais ligados a jogos ilegais, constituem indícios de ocultação patrimonial, dissimulação de recursos, evasão fiscal e vantagem econômica ilícita.

Os suspeitos são investigados por crimes como estelionato, indução do consumidor a erro por afirmação falsa ou enganosa, loteria não autorizada e lavagem de dinheiro.

Segundo o delegado Ayslan Magalhães, a polícia apura se os supostos vencedores das ações dos influencers receberam os bens de forma lícita e se houve manipulação nos sorteios.

O nome da operação, Laverna, faz menção à deusa romana que simboliza atos ocultos e práticas fraudulentas, segundo os investigadores, e representa "o caráter dissimulado das atividades investigadas".