O que se sabe sobre a investigação do FBI que ligou a máfia italiana a um esquema de apostas ilegais na NBA
A investigação do FBI sobre apostas ilegais na NBA tomou proporções inesperadas nesta quinta-feira, quando o diretor da agência, Kash Patel, revelou que famílias tradicionais da máfia ítalo-americana estavam envolvidas no esquema que abalou o basquete norte-americano.
Armador do Miami Heat, técnico do Portland e outras 29 pessoas são presas em investigação do FBI sobre apostas esportivas
— Não apenas desmascaramos a fraude que esses criminosos cometeram no grande palco da NBA, mas também executamos um sistema de justiça contra La Cosa Nostra, incluindo as famílias Bonanno, Gambino, Genovese e Lucchese — afirmou Patel, em entrevista coletiva em Nova York.
A operação, batizada de “Royal Flush", resultou em 31 prisões. Entre os detidos estão o técnico do Portland Trail Blazers, Chauncey Billups, e o armador do Miami Heat, Terry Rozier. Segundo as autoridades, o grupo teria movimentado dezenas de milhões de dólares em apostas fraudulentas, lavagem de dinheiro e extorsão.
Como funcionava o esquema
De acordo com o procurador Joseph Nocella Jr., os investigados usavam tecnologia avançada para manipular jogos de pôquer de alto risco, além de explorar informações privilegiadas de atletas para lucrar com apostas esportivas.
Em uma das situações descritas pela polícia, Terry Rozier teria avisado pessoas próximas que deixaria uma partida mais cedo alegando lesão — informação usada para apostar US$ 200 mil em resultados “under” (abaixo das expectativas estatísticas). Rozier jogou apenas nove minutos e deixou o jogo, gerando lucros de dezenas de milhares de dólares aos conspiradores.
Os investigadores também descobriram que atletas conhecidos eram usados como “iscas” para atrair vítimas para partidas de pôquer manipuladas. Entre os nomes citados, além de Billups, está Damon Jones, ex-jogador da NBA.
— Assim que o jogo começava, os réus extorquiam das vítimas dezenas ou centenas de milhares de dólares por partida, relatou o procurador Nocella.
A ligação com a máfia
O FBI confirmou que o esquema estava vinculado a quatro das cinco famílias da máfia ítalo-americana de Nova York — Bonanno, Gambino, Genovese e Lucchese — conhecidas por dominar atividades de jogos ilegais, extorsão e lavagem de dinheiro.
Segundo o órgão, a operação revelou uma “colisão” entre o mundo do crime organizado e o esporte profissional, em um golpe que uniu fraude esportiva e redes mafiosas tradicionais.
— Estamos falando de dezenas de milhões de dólares em fraudes e furtos em uma investigação de vários anos, disse Patel. — Não permitiremos que atividades ilícitas se escondam atrás da Cosa Nostra ou do esporte.
Cooperação da NBA
O procurador Nocella confirmou que a NBA colaborou com a investigação federal, fornecendo informações e acesso a registros internos. Ele também destacou que o caso não envolve o basquete universitário.
O comissário da NBA, Adam Silver, já havia afirmado recentemente que a liga trabalha em conjunto com as principais plataformas de apostas para coibir manipulações e reforçar a integridade esportiva.
Quem é La Cosa Nostra
Conhecida como máfia ítalo-americana, a La Cosa Nostra reúne as famílias mais poderosas do crime organizado nos Estados Unidos. Embora enfraquecida em relação ao passado, ainda mantém influência em Nova York, Nova Inglaterra, Filadélfia, Chicago e Detroit, segundo o FBI.
Na capital financeira americana, as cinco famílias históricas — Bonanno, Colombo, Gambino, Genovese e Lucchese — continuam sendo associadas a extorsão, jogos ilegais e lavagem de dinheiro.
O próximo passo
Os 31 presos devem ser indiciados por fraude eletrônica, lavagem de dinheiro, extorsão e operação de jogo ilegal.
O FBI classificou o caso como um dos maiores escândalos de apostas esportivas da história dos Estados Unidos, unindo o submundo da máfia e o topo do basquete profissional.
